quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

A força-tarefa capixaba

20/1/2015 9:31
Por Leandro Mazzini - de Brasília

Rep/ACS

Mal tomou posse e o governador do Espírito Santo, Paulo Hartung (PMDB), programou uma série de visitas a Brasília para tentar convênios com ministérios – e conferir a quantas andam os atuais, fechados pelo governo antecessor. Os capixabas passam por um momento crítico desde alguns anos atrás, quando perderam o Fundap, abastecido pelo ICMS diferenciado para importação que enchiam os cofres do Estado.
As coisas desandaram para uma gestão infeliz do antecessor Renato Casagrande – apoiado e lançado pelo próprio Hartung em 2010. O então senador, vindo de carreira brilhante no legislativo em Brasília também como deputado, saiu encorajado do gabinete em Brasília para o Palácio Anchieta. Numa tarde do início de 2010 no gabinete do Senado o repórter o encontrou animado com equipe enumerando as metas em cada setor. Mas no cargo enfrentou os mais variados problemas. Montou um time criticado até por aliados, veladamente, e encarou a pior crise de caixa com a perda das receitas. O Tesouro prometeu R$ 3,5 bilhões para compensar a perda do Fundap, a granel.
Enquanto Casagrande se contorcia para não perder apoio popular, perdia apoio político discretamente. Afastado do Poder desde que deixou o governo, o economista Hartung mergulhou os quatro anos em estudos de números do Estado e do governo. Ministrou aulas e palestras pelo Brasil (andava de mochila e calça jeans, para mostrar desapego ao Poder). Redescobriu um Espírito Santo em letargia político-econômica, elencou metas, e para surpresa do aliado no cargo anunciou-se postulante novamente ao Palácio. Até conquistar a vaga pela terceira vez, uma moqueca eleitoral foi servida na campanha entre ataques mútuos (inclusive pessoais) dos dois principais candidatos, outrora amigos e aliados.
Vencedor, PH – ou Imperador, como é chamado por aliados e desafetos nos bastidores porque imprimiu a marca de centralizador, embora com competência – agora parte para uma maratona de encontros com empresários, governadores e União para reinserir o Espírito Santo no cenário nacional. Conseguiu um time partidário de peso para suas incursões, em companhia da senadora eleita Rose de Freitas, do senador Ricardo Ferraço, e do deputado federal Lelo Coimba – todos do PMDB como ele. A despeito da força-tarefa, Hartung tem know-how para viradas. Suas duas gestões no Palácio Anchieta foram notabilizadas nacionalmente pelo equilíbrio das contas públicas e retomada de investimentos em variados setores, elevando o PIB capixaba. Em especial na queda da criminalidade na grande Vitória.
Hartung tem garantido a aliados e publicamente que não vai se candidatar à reeleição em 2018. Especula-se que seu indicado natural será Ferraço, que foi preterido por Casagrande em 2010. O ex-governador, que saiu ferido do combate e se dizendo traído, assumiu a presidência da Fundação João Mangabeira, do PSB, e viaja o País para unificar o partido para 2018. Deve disputar a prefeitura de Vitória ano que vem.
O tiro ecoa
Uma notícia de ‘trás para a frente’: Não há coincidência numa morte de um procurador de Justiça prestes a denunciar no Parlamento uma presidente da República e seu serviço secreto com suspeitas de ligações com ramo terrorista.
O procurador federal argentino Alberto Nisman foi encontrado morto com um tiro na cabeça, ontem pela manhã, dentro do banheiro de seu apartamento em Buenos Aires. A suposta arma do crime, um revólver calibre .22, estava ao lado do corpo.
Nisman notabilizou-se pela denúncia contra a presidente Cristina Kirchner, o serviço secreto e três políticos aliados dela, sobre suposta negociação com o governo do Irã, em prol da balança comercial entre as nações, para apagar provas de participação de terroristas no atentado de 1994 que deixou 85 mortos numa mesquita em Buenos Aires.
O corpo foi encontrado poucas horas antes de uma audiência pública no Congresso da Argentina, onde ele detalharia para toda a nação a denúncia. A polícia portenha já fala em suicídio. Muito, muito precoce solução.
A 2ª Guerra do Paraguai
Um País pobre que paga suas contas em dia na Organização das Nações Unidas se submete a isso. Voltaram no fim de semana, em um avião da ONU, 82 soldados do exército paraguaio que permaneceram um ano em Porto Príncipe na Missão de Paz do Haiti. O retorno veio sob megafone político com grade denúncia de senadora do Paraguai, que ouviu relatos de familiares dos militares de que passavam fome e sede lá. O Comando negou. Mais 82 soldados decolaram no mesmo avião.
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