Novo cenário político pode fazer Renato Casagrande se aproximar do PSDB
Crise com o PT e fortalecimento do nome de Eduardo Campos deixa PSDB perto da base governista
José Rabelo
27/07/2013 19:50 - Atualizado em 27/07/2013 11:36
O novo cenário político que se desenha pós-manifestações de rua
subverte o plano do governador Renato Casagrande (PSB) que, até junho,
defendia a manutenção da parceria com o PT e PMDB no Estado e o apoio à
reeleição da presidente Dilma Rousseff.
A questão é, que de junho para cá, muito água passou por debaixo da
ponte. No campo nacional, a presidente Dilma vem assistindo de mãos
atadas sua popularidade despencar, o que abriu o precedente para outros
nomes se colocarem.
Caso do governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), que já vinha
tentando se viabilizar dentro do PSB para disputar a Presidência da
República. Um dos obstáculos às pretensões de Campos no partido sempre
foi o secretário-nacional da sigla, o governador Renato Casagrande, que
interpretava a movimentação do colega como inoportuna e extemporânea. Na
verdade, atrapalhava as alianças que Casagrande costurara com tanto
esmero nesses dois anos e meio de governo.
Em maio, Casagrande foi incisivo ao declarar à imprensa nacional que
Campos deveria aguardar pacientemente sua vez na fila. Sem meias
palavras, ele disse que Eduardo Campos “não tinha condições de ser
candidato, ainda”.
O cenário, no entanto, mudou e o nome de Campos ganhou corpo,
principalmente após a pesquisa CNI/Ibope publicada nessa quinta-feira
(25), que colocou o governador pernambucano como o mais bem avaliado do
país, com 58% de bom/ótimo.
O novo contexto fortalece Campos dentro e fora do PSB, e pode obrigar
Casagrande a rever sua posição. Mais que isso, se a candidatura do
socialista decolar, o governador capixaba teria que construir um senhor
palanque para o colega e, de quebra, estender uma passadeira vermelha
para o presidenciável aceitar que Casagrande cole sua imagem à de
Campos.
A parceria PSB-PSDB já começa a se materializar em Minas Gerais e
Pernambuco. E os dois presidenciáveis trabalham forte para incluir São
Paulo nessa trinca de ferro. Nesses três estados, a ideia é isolar o PT.
No primeiro turno, os dois presidenciáveis fariam campanhas separadas
nos estados, mas, no segundo, estariam unidos contra a presidente
petista.
Se isso de fato ocorrer, a tendência é que Casagrande se aproxime dos
tucanos. Caso esse namoro também vire casamento por aqui, Casagrande já
teria meio caminho andado para o altar. As quatro principais lideranças
tucanas no Estado – deputado federal César Colnago, Max Filho, Luiz
Paulo Vellozo Lucas e Guerino Balestrassi – têm bom trânsito com o
socialista. Inclusive, Balestrassi ocupa o cargo de presidente do Banco
de Desenvolvimento do Estado (Bandes), que tem peso de secretaria de
Estado. Luiz Paulo também estava no Bandes, só saiu para integrar a
equipe de campanha do senador mineiro.
Com a parceria PSB-PSDB, não está descartada uma chapa conjunta com os
tucanos, como Aécio e Campos pretendem fazer em São Paulo, Pernambuco e
Minas.
Caso isso ocorra aqui, o PT capixaba ficaria juntando seus cacos, pois
não teria mais o estofo da popularidade e favoritismo da presidente para
requerer assento no jogo político, nem tampouco teria espaço de honra
no palanque de Casagrande, que passaria a ter a presença de tucanos.
Quanto ao PMDB, a tendência é que o partido também desembarque da
trinca (PSB-PT-PMDB) para lançar o senador Ricardo Ferraço (PMDB) à
disputa para o governo do Estado