sexta-feira, 13 de novembro de 2015


ES tem 3,89 milhões de pessoas e 200 mil analfabetos, aponta IBGE

Taxa de analfabetismo do estado é a segunda maior da região Sudeste.
Dados Pnad são relativos ao ano de 2014.

Do G1 ESA Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, divulgada nesta sexta-feira (13) pelo IBGE, faz um retrato sobre a situação da população capixaba comparando dados relativos a 2013 e 2014.  Entre os aspectos citados, estão a taxa de analfabetismo, desocupação, condições de moradia e posse de bens.

De acordo com o levantamento, no ano de 2014 a população capixaba foi estimada em 3,894 milhões de pessoas, 1,2% (45 mil) acima de 2013. Desses, 746 mil não são naturais do Espírito Santo, representando 19,2% da população do estado.
População no Centro de Vitória (Foto: Divulgação/ Agência Brasil)População no Centro de Vitória (Foto: Divulgação/ Agência Brasil)
Educação
No aspecto que diz respeito è educação no estado, a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais ficou em 6,6%. O número é  menor que a taxa nacional, de 8,3%, e a 2ª maior da Região Sudeste. Dos analfabetos, 57,5% eram mulheres.
Dos estudantes matriculados, 79,6% estudavam em instituições da rede pública. Entre as crianças com idades entre 4 e 5 anos, a taxa de escolarização foi a maior da região Sudeste, alcançando 86,4%.
Ocupação, trabalho e renda
A população ocupada totalizou 1,982 milhão de pessoas em 2014. O nível da ocupação (proporção de pessoas ocupadas na população em idade ativa) aumentou de 61,8% em 2013 para 64,8% em 2014, tendo o maior nível da ocupação dos estados da Região Sudeste.
O trabalho com carteira assinada abrangeu 63,9% dos empregados.
A taxa de desocupação (proporção de pessoas desocupadas em relação à população economicamente ativa) subiu de 6% em 2013 para 6,5% em 2014. Dos desocupados (pessoas sem trabalho que estão tentando se inserir no mercado), cerca de 54,9% eram mulheres. Outra característica é que 63,8% das pessoas desocupadas estavam no grupo de idade de 18 a 39 anos de idade.
Cerca de 14 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos de idade foram consideradas ocupadas no estado. O número representou um aumento de 55,6% em relação a 2013 (9 mil crianças e adolescentes). Do total de crianças de 10 a 14 anos ocupadas, 9 mil trabalhavam em atividade agrícolas e 5 mil não agrícola.
O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas de 15 anos ou mais ocupadas com rendimento em 2014 foi estimado em R$ 1.732, valor 4,3% superior ao de 2013 (R$ 1.660,00).
Ainda segundo a pesquisa, a proporção do rendimento de trabalho das mulheres em relação ao rendimento dos homens passou de 69,1%, em 2013, para 73,0%, em 2014.
Em média, os homens receberam R$ 1.953,00 (abaixo da média nacional de R$ 1.987,00), enquanto as mulheres receberam R$ 1.426,00 (também abaixo da média nacional de R$ 1.480,00).
Domicílios e bens
Dos  1,321 milhão de domicílios particulares permanentes contabilizados no estado, 71,7% eram próprios, 20% eram alugados e 8,3% eram cedidos. Quase todos (99,9%) eram atendidos pelo serviço de iluminação elétrica, 87,5% com rede de água, 75,3% com rede de esgoto, 91% com coleta de lixo, e 96,2% com algum tipo de serviço de telefonia.
A proporção de domicílios que possuíam geladeira (99%) e televisão (97,7%) manteve-se praticamente a mesma com relação a 2013. A pesquisa também registrou que 772 mil domicílios possuíam máquina de lavar. O percentual de domicílios onde pelo menos um morador possuía carro para uso pessoal foi de 45,5%.
Além disso, 52,4% de domicílios tinha microcomputadores. Destes, cerca de 597 mil possuíam acesso à Internet, ou 86,2% do total de domicílios com computador.
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quinta-feira, 12 de novembro de 2015



Samarco deve resgatar peixes antes de lama chegar ao ES, diz governo

Empresa deve recolher animais, separar em tanques e, depois, devolvê-los.
Peixes já começaram a morrer próximo a Mariana, em Minas Gerais.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta
Peixes começaram a morrer no RioDoce, em Minas Gerais (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)Peixes começaram a morrer no RioDoce, em Minas Gerais (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos quer que a Samarco recolha do Rio Doce a maior quantidade possível de peixes, insira-os em tanques apropriados e, depois, solte-os novamente no rio, assim que o nível de poluição deixar de ser uma ameaça às espécies.
O rompimento de duas barragens de rejeitos de minério da Samarco aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A lama também chegará ao Espírito Santo e deve afetar o abastecimento de água de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.
Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).
Por nota, a Samarco  informou que recebeu o auto de intimação do Iema no último domingo (8) e que está tomando as providências relacionadas no documento. Reiterou que as ações imediatas já foram iniciadas e as demais estão sendo executadas dentro do prazo estabelecido.
O secretário da pasta, Rodrigo Júdice, garante que essa operação é viável, mesmo que uma quantidade mínima de espécies seja resgatada.
“Tem que ser uma atitude imediata. Os peixes estão tentando sobreviver desesperadamente. Muitos pulando fora da água. O mínimo que for salvo é muito, diante dessa tragédia ambiental”, destacou.
Estima-se que a enxurrada, que é muito densa, tem se movido a uma velocidade de 1km/h. O prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, também defende a viabilidade do resgate dos peixes antes que a onda de lama se aproxime do Espírito Santo.
“A lama é avermelhada e tem um cheiro horrível, sem vida. Os peixes devem ser coletados antes que morram todos. Ainda dá tempo de salvar alguma coisa”, afirmou o chefe do executivo, que visitou a região de Valadares e Tumiritinga, nesta quarta-feira (11), para ver de perto onde a massa lama.
Destruição
Por onde passa, a enxurrada de lama deixa um severo rastro de destruição ambiental. O biólogo Marco Bravo ressaltou que, além da mortandade, a lama deve desencadear uma série de problemas na cadeia alimentar do rio e do mar, causando até o sumiço de algumas espécies.

“Quando essa lama chegar a Regência, Linhares, há peixes endêmicos que vivem no estuário (encontro do rio com o mar), como tipos de robalo, que vão sofrer o impacto”, disse.
O secretário Rodrigo Júdice alerta também que a onda poluidora afeta diretamente as comunidades pesqueiras, que vivem às margens do Doce e dependem da atividade para sobreviver. Uma delas é a de Mascarenhas, onde mais de 700 moradores dependem, direta ou indiretamente, da pesca. “A Samarco também deverá indenizar quem ficar impossibilitado de pescar”, falou.
Nível do Rio Doce
O nível do Rio Doce em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, caiu mais de 40 centímetros de um dia para o outro, após a passagem da onda de cheia, que antecede a lama proveniente das barragens de rejeitos rompidas em Mariana, Minas Gerais. Nesta terça-feira (10), o rio estava em 173 centímetros e, nesta quarta (11), apontava 130 centímetros na régua da Agência Nacional das Águas.

Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).
* Com informações de Carla Sá e Patrik Camporez, do jornal A Gazeta.
Rio Doce vira lama em Minas Gerais e fauna começa a morrer (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)Rio Doce vira lama em Minas Gerais e fauna começa a morrer (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Vitória é a capital com maior taxa de feminicídios no Brasil, diz estudo

ES tem taxa mais alta de homicídios de negras e a 2ª de mulheres no total.
Dados são referentes a 2013, ano mais recente analisado na pesquisa.

Manoela Albuquerque Do G1 ES
Em 2013, Vitória foi a capital com maior taxa de homicídios de mulheres no Brasil (Foto: Reprodução / Mapa da Violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil)Em 2013, Vitória foi a capital com maior taxa de homicídios de mulheres no Brasil
(Foto: Reprodução / Mapa da Violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil)
O estudo "Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres", divulgado nesta segunda-feira (9), aponta Vitória como a capital com maior taxa de feminicídios no Brasil. O município de Sooretama, no Noroeste do estado, tem a 3ª maior taxa. Na lista dos 100 municípios com maior taxa de feminicídios, não há nenhuma capital.

O Espírito Santo é o estado com a taxa mais alta de homicídios de negras e aparece como o 2º estado com maior taxa de homicídios femininos no país, com 9,3 homicídios a cada 100 mil mulheres. Os dados são referentes ao ano de 2013, o mais recente apresentado na pesquisa.

Secretário de Segurança diz que fator social influencia taxa (Foto: Reprodução / TV Gazeta)Secretário de Segurança diz que fator social
influencia taxa (Foto: Reprodução / TV Gazeta)
Em contrapartida, o estado apresentou queda nos números de feminicídios depois da promulgação da lei Maria da Penha, em 2006.
O secretário de segurança pública do estado, André Garcia, informou ao G1 que a projeção da Sesp é de que a taxa em 2015 seja de 6,5 homicídios a cada 100 mil mulheres.

"Se dependesse de mim, a taxa seria zero. O Espírito Santo sempre esteve em primeiro, já está no segundo. A taxa está caindo", declarou.

O estudo em questão é de autoria do sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, radicado no Brasil, e analisa dados oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no Brasil entre 1980 e 2013, passando ainda por registros de atendimentos médicos.
Se dependesse de mim, a taxa seria zero. O Espírito Santo sempre esteve em primeiro, já está no segundo [...] a nossa projeção é de que a taxa caia para 6,5, mas ainda é muito acima da média nacional. A gente tem um longo caminho a percorrer."
André Garcia, secretário de segurança pública do Espírito Santo
"Muito embora ele [o estudo] aponte queda na taxa de homicídios de mulheres entre 2006 e 2013, eu ainda acho que a gente tem muito a caminhar nesse processo, porque a nossa projeção é de que a taxa caia para 6,5, mas ainda é muito acima da média nacional. A gente tem um longo caminho a percorrer. É fato que começou um processo de redução nos últimos anos em geral, e também de mulheres, mas, no caso das mulheres, o desafio é muito maior", disse o secretário de segurança pública do Espírito Santo.
De acordo com o secretário, as causas do feminicídio são diferentes das do homicídio. "A mulher é mais insegura em casa do que na rua, ao contrário dos homens, que são mais inseguros na rua, na via pública, do que em casa. Os agressores, normalmente, na grande maioria dos casos são pessoas conhecidas, companheiros, maridos, parentes próximos", pontuou.

Lei Maria da Penha e queda nas taxas
Entre 2006, ano da promulgação da lei Maria da Penha, e 2013, apenas o Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rondônia, Pernambuco, registraram quedas nas taxas de homicídios de mulheres.

"A Lei Maria da Penha é uma das leis que mais tiveram eficácia social. Primeiro para debater o tema, jogou luz sobre a violência contra a mulher. E, ao mesmo tempo, tornou-se um marco de punição. Hoje, nós temos à disposição da polícia e do poder judiciário instrumentos que não existiam de maneira tão clara e eficaz. A lei tem um papel fundamental, até no imaginário, de que há um instrumento legal que vai penalizar o marido ou companheiro que insistir em praticar a violência contra a mulher", opinou o secretário de segurança André Garcia.
Medidas
Apesar de o estado ter ferramentas para apoio às mulheres vítimas de violência, Garcia apontou o fator social como determinante para a mudança do quadro de feminicídios.

"A Secretaria de Segurança tem uma casa abrigo para mulheres vítimas da violência, nós temos uma delegacia homicídios e proteção à mulher, que foi a primeira do país. Temos as delegacias de mulheres, as ações que a Polícia Militar faz de visitas às vítimas, a Polícia Civil tem oficinas para maridos e companheiros agressores, chamada 'Oficina Homem que é homem'", disse o secretário.

Mas o mais importante e o fundamental é a gente impactar no fator social. Não adianta o estado disponibilizar recursos se a gente não mudar a nossa cabeça, especialmente a dos homens"
André Garcia, secretário de segurança pública do Espírito Santo
"Mas o mais importante e o fundamental é a gente impactar no fator social. Não adianta o estado disponibilizar recursos se a gente não mudar a nossa cabeça, especialmente a dos homens", enfatizou.
O pai de uma das vítimas de violência em Vitória, João Batista Salene do Vale, acredita que medidas protetivas não fazem os agressores mudarem, mas conseguem evitar a violência contra a vítima que o denunciou.
A filha dele, Priscilla Saleme, utilizou o botão do pânico para afastar o agressor, seu ex-namorado.
"Eu acho que você não o consegue, com uma ação, corrigir o problema. Você corrige um dos problemas. Nesse aspecto, o botão vale para afastar", opinou o pai.

Interior
O município de Sooretama, no Noroeste do Espírito Santo, tem a terceira maior taxa de feminicídios entre todos os municípios do Brasil e a maior do estado. Com população feminina média de 11.920, o município teve taxa de 21,8% por 100 mil mulheres.

Segundo André Garcia, a taxa não representa uma novidade. "Isso não é nenhuma novidade, não acredito que haja a interiorização da violência contra a mulher. A violência doméstica é um crime proporcionalmente maior no interior", disse o secretário.

Nenhuma capital figura a lista de 100 municípios do Brasil com maior taxa de feminicício.

Brasil: 13 feminicídios por dia
Entre 2003 e 2013, o número de homicídios de mulheres passou de 3.937 para 4.762, aumento de 21% no período. As 4.762 mortes em 2013, último ano do estudo, representam uma média de 13 mulheres assassinadas por dia.

Entre 1980 e 2013 foram assassinadas 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013. O país tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que avaliaram um grupo de 83 países.

Levando em consideração o crescimento da população feminina entre 2003 e 2013 (passou de 89,8 milhões para 99,8 milhões), a taxa de homicídio de mulheres saltou de 4,4% em 2003 para 4,8% em 2013, aumento de 8,8% no período.

Entre 2003 e 2013, as taxas de homicídios de mulheres nos estados e no Distrito Federal cresceram 8,8%, enquanto nas capitais caíram 5,8%, evidenciado, segundo o estudo, a interiorização da violência, fenômeno observado em mapas anteriores.

Dentro de casa
Outro dado importante do estudo é o local do homicídio: 27,1% deles acontecem no domicílio da vítima, indicando a alta domesticidade dos assassinatos de mulheres. Outros 31,2% acontecem em via pública, e 25,2%, em estabelecimento de saúde. 50,3% dos homicídios de mulheres no Brasil são cometidos por familiares

 

quinta-feira, 30 de julho de 2015

CPI culpa mineradora e siderúrgica por poluição do ar e mortes em Vitória

Flávia Bernardes
Do UOL, em Vitória (ES)
Divulgação/ Juntos - SOS ES Ambiental
  • Criança suja os pés com o pó preto que as indústrias de Vitória (ES) soltam no ar Criança suja os pés com o pó preto que as indústrias de Vitória (ES) soltam no ar
Após quatro meses de investigação, a Comissão Parlamentar de Inquérito do Pó Preto, da Câmara de Vereadores de Vitória (ES), foi categórica ao afirmar que as empresas Vale e ArcelorMittal Tubarão S/A são responsáveis pela poluição do ar na região. As empresas foram responsabilizadas pelas lesões corporais e até pelos óbitos que causaram doenças respiratórias e cardiovasculares na população.
O relatório, aprovado pelos vereadores nesta quinta-feira (30), afirma que há provas "concretas e irrefutáveis" de que a poluição do ar gerada na localidade denominada Ponta de Tubarão, situada entre os Municípios de Vitória e Serra, é de responsabilidade das poluidoras.
Segundo o relatório, a população sofre há anos com o enorme desconforto causado pela produção siderúrgica e mineradora na região. São danos morais e patrimoniais, segundo os vereadores, uma vez que a poluição causa além do desconforto e das doenças, um prejuízo financeiro de pintura e limpeza dos imóveis da região.
"É possível afirmar, diante das provas colhidas, que a Grande Vitória, sobretudo o Município de Vitória, seria um local muito melhor de se viver, com maior valorização patrimonial se não houvesse a poluição do pó preto", diz o relatório. 
Durante a CPI, as próprias empresas confessaram, em parte, suas responsabilidades. Elas alegam que procuram diminuir a poluição, mas recusam-se a indenizar as lesões causadas.
Os vereadores cobram o indiciamento das empresas Arcelor Mittal e Vale por prática de crimes ambientais contra a saúde humana, além dos crimes de "perigo para a vida ou saúde de outrem", lesão corporal e homicídio. Os vereadores propõem ainda a continuidade da apuração da autoria da concessão  das licenças que permitem o funcionamento das empresas  e que haja uma revisão nas leis existentes para que sejam aplicadas multas.
"A CPI do Pó Preto da Câmara Municipal de Vitória não passará despercebida na história do Pó Preto. O seu resultado está alinhado com a nossa luta e a luta do cidadão capixaba pela saúde e qualidade de vida", ressaltou Eraylton Moreschi, presidente da ONG Juntos SOS ES Ambiental, que participou ativamente da CPI.
Outro lado
A ArcelorMittal Tubarão S/A informou em nota ao UOL que não foi oficialmente comunicada sobre a conclusão dos trabalhos da CPI realizados pela Câmara dos Vereadores e que vai esperar receber a documentação final para se posicionar sobre esta questão. "A empresa reforça, ainda, que vem implementando desde março de 2014, um robusto plano de investimentos ambientais da ordem de R$ 100 milhões de dólares, envolvendo novas tecnologias e sistemas de controle ambiental e visando a melhoria contínua através da redução de suas emissões. Adianta, também, que vem sendo permanentemente fiscalizada pelos órgãos de controle ambiental estadual e municipal, atendendo todas as suas demandas e que mantém um diálogo constante com a sociedade na busca de soluções que baseadas em fatos, dados e tecnologia ajudem a aprimorar seu desempenho ambiental", informou a empresa.
A Vale informou que "ainda não conhece o conteúdo do relatório e que só irá se manifestar sobre o mesmo quando for oficialmente comunicada pelos órgãos competentes".

quinta-feira, 4 de junho de 2015

Rosalda Paim, fundadora do PDT-RJ, morre no Rio de Janeiro

A enfermeira Rosalda Paim, fundadora do PDT do Rio de Janeiro, faleceu hoje (02/6) aos 86 anos, após longa enfermidade. Rosalda se elegeu deputada estadual com Leonel Brizola nas eleições de 1982, período em que aprovou cerca de 20 projetos de lei, dentre eles o que proibiu a coleta remunerada de sangue no Rio de Janeiro.
Outras leis suas foram a que criou o sistema estadual de creches; o que criou o serviço de saúde do adolescente e a obrigatoriedade de instalar conselhos comunitários nas unidades estaduais de saúde.
Nascida em Vila Velha, no Espírito Santo, Rosalda graduou-se em enfermagem em 1950 pela antiga Escola de Enfermagem do Estado do Rio de Janeiro, fez mestrado na UFF e doutorado em enfermagem pela Pontifícia Universidade Católica (PUC).
Rosalda se especializou nas áreas de pediatria, administração hospitalar e saúde pública, tornando-se também professora titular do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil da UFF, onde foi chefe de departamento.
Casada com Edson Paim, médico e dentista, Rosalda e Edson participaram ativamente da fundação do PDT, em Niterói, e integraram ao diretório regional do PDT-RJ. Rosalda foi a primeira parlamentar enfermeira do Brasil no período de 1983 a 1987, quando exerceu o mandato de deputada estadual pelo PDT fluminense.
A Universidade Federal Fluminense a homenageou, em vida, com o título de Professora Emérita, por sua dedicação à Enfermagem. Outra homenagem foi feita pela Escola de Enfermagem da UFF, que batizou com o seu nome o auditório principal da instituição.
Já a prefeitura de Niterói, em outra homenagem, batizou de Rosalda Paim a creche municipal que funciona no Centro de Niterói, em frente a escola de enfermagem. Rosalda deixa Edson Paim, seu marido por mais de 60 anos, filhos e netos.
 

domingo, 12 de abril de 2015

História de Nossa Senhora da Penha

Nossa Senhora da Penha
  Nossa Senhora da Penha é o título da Virgem Maria que teve início quando um monge francês chamado Simão sonhou com uma imagem de Nossa Senhora que estava enterrada no alto de uma montanha de difícil acesso. A imagem estaria enterra ali por causa de uma guerra entre franceses e muçulmanos. Os católicos escondiam suas imagens para que elas não fossem destruídas pelos invasores islâmicos. No sonho, a imagem aparecia cercada de luz e acenando para que ele fosse procurá-la. Simão procurou pela serra durante cinco anos, sem sucesso. Mas, então, num dia especial, teve a informação de que a serra que ele descrevia chamava-se Penha de França e ficava no norte da Espanha. Simão Vela dirigiu-se para lá o mais rápido que pode.

O local onde repousava Nossa Senhora da Penha

No norte da Espanha havia uma serra muito alta e íngreme, com pontas de rochas no alto. A serra se chamava Penha de França e ficava na província de Salamanca. Ali, acredita-se que o Rei Carlos Magno teria lutado contra a invasão dos mouros. À procura da imagem, Simão caminhou três dias e três noites ininterruptamente. Ele fez isso porque, segundo sua própria narrativa, em seus êxtases, ele ouvia sempre a advertência divina dizendo-lhe: Simão, vela e não durma! Por essa razão ele passou a ser chamado de Simão Vela.

O encontro com a Virgem Maria

Passados os três dias, já exausto, escalando montanhas íngremes, Simão parou para descansar. Nesse momento, ele viu uma formosa senhora com o filho ao colo sentada perto dele. Esta Senhora lhe indicou o lugar onde encontraria o que procurava. Assim, ajudado por alguns pastores da região, Simão Vela conseguiu encontrar a imagem que tinha avistado em sonho. Foi um momento de profunda alegria e de reconhecimento da revelação divina. Emocionado e grato, Simão Vela reconheceu também que aquela Senhora que lhe revelara o lugar era, na verdade, Maria com Jesus em seu colo.

Capela de Nossa Senhora da Penha

Simão Vela construiu uma capelinha muito simples naquele local e começou a viver ali, pensando que teria uma vida de monge, isolada e tranquila. O lugar, porém, logo ficou famoso pelo grande número de milagres e graças alcançadas por intermédio de Nossa Senhora da Penha, como passou a ser chamada a Virgem Maria por causa de sua aparição na serra Penha de França. Simão Vela não poderia imaginar que, mais tarde, seria construído um dos mais ricos e grandiosos templos da Cristandade em honra a Maria da Penha, o Santuário de Nossa Senhora da Penha.

Nossa Senhora da Penha e seus milagres

Pouco tempo depois da capelinha de Simão Vela começar a ficar famosa, a Espanha foi vítima de uma grande peste que matou grande parte da população. O povo, apavorado, recorreu à intervenção de Nossa Senhora da Penha e sem explicação a peste desapareceu. Mas, um tempo depois, a mesma praga começou a fazer vítimas em Portugal, que faz divisa com a Espanha. Assim, sabendo do acontecido na Espanha, o Senado da Câmara de Lisboa prometeu à Mãe de Deus construir um grandioso templo, se ela livrasse o país da moléstia. A epidemia extinguiu-se quase que imediatamente. Cumprindo a promessa, a Câmara mandou construir um grandioso santuário de louvor a Nossa Senhora da Penha na capital Lisboa.

Milagres em Portugal

O Santuário português começou a atrair milhares de peregrinos. Então, aconteceu que um devoto subiu até o alto onde ficava o templo, muito cansado, adormeceu. Pouco depois, uma grande serpente aproximou-se para picá-lo. Mas neste exato momento, um grande lagarto pulou sobre o homem e o acordou. O homem logo viu a serpente e a matou com seu cajado. É por isso que em algumas representações, a imagem de Nossa Senhora da Penha tem aos pés um peregrino, a cobra e o lagarto.

Devoção a Nossa Senhora da Penha no Brasil

Devoção a Nossa Senhora da Penha chegou ao Brasil pelos colonizadores portugueses. A primeira capela em sua honra foi construída em Vila Velha, na antiga Capitania do Espírito Santo, entre 1558 e 1570. A construção foi levada a frente por Frei Pedro Palácios, um espanhol cheio de fé e devoto da santa. Depois foi erguida a Igreja da Penha do Irajá (1635). Hoje o local é conhecido como Convento da Penha, dos franciscanos.

Nossa Senhora da Penha Padroeira de São Paulo

Na cidade de São Paulo foi erguida uma pequena capela em devoção a Nossa Senhora da Penha de França em 1667 e, em volta dela e por causa dela, desenvolveu-se um dos bairros mais antigos, populosos e tradicionais da cidade: a Penha. Hoje, o local abriga a antiga igreja matriz na região conhecida por igreja velha e a Basílica de Nossa Senhora da Penha (conhecida por igreja nova), cuja pedra fundamental foi lançada em 1957. As duas igrejas são dedicadas a Nossa Senhora da Penha e sua festa é celebrada no dia 8 de setembro.

Nossa Senhora da Penha está presente em centenas de cidades

Centenas de cidades do Brasil possuem igrejas dedicadas a Nossa Senhora da Penha. Normalmente, as igrejas dedicadas a ela são edificadas no alto de colinas e morros, seguindo a origem da descoberta da imagem pelo Frei Simão Vela: numa montanha.

Imagem de Nossa Senhora da Penha

Nossa Senhora da Penha é normalmente representada com o menino Jesus no colo, tendo uma coroa na cabeça, estrelas em seu manto representando sua glória e flores à sua volta, representando a vegetação do local onde a imagem foi encontrada.

Oração a Nossa Senhora da Penha

Ó Maria Santíssima, Senhora da Penha, em cujas mãos Deus depositou os tesouros das suas graças e favores. Eis-me cheio de esperança, solicitando com humildade a graça de que hoje necessito (pedido), pela qual sou-lhe grato(a) desde este momento. Recordai-vos, ó Senhora da Penha, que nunca se ouviu dizer que algum dos que em vós têm depositado toda a sua esperança tenha deixado de ser atendido, ó boa Mãe. Assisti-nos nas agruras da vida, para que façamos delas sementes para um mundo mais fraterno e mais humano. Enxugai o pranto das pessoas que sofrem e consolai os aflitos em suas necessidades. Tudo isso vos pedimos por Jesus, vosso Filho e nosso irmão. Amém.



PZMPH - Medalha Nossa Senhora da Penha  em prata de lei cravejada Zircônias PRMPH - Medalha Nossa Senhora da Penha  em prata de lei cravejada Rubis OEMPH - Medalha Nossa Senhora da Penha  em ouro 18 k cravejada Esmeraldas FOXMPH - Medalha Nossa Sra. da Penha folheada a ouro

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


ESPÍRITO SANTO
MAPAS DE ABRANGÊNCIA - FASE V E FASE VI


http://www.rbma.org.br/rbma/rbma_fase_vi_06_estados_es.asp

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terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Dez manguezais no Espírito Santo
Arthur Soffiati* - 31/08/05

Depois de me deter demoradamente no estudo dos manguezais situados entre os rios Itapemirim (ES) e São João (RJ), avancei para o norte do primeiro e para o sul do segundo em algumas excursões de campo. Nos feriados da Semana Santa de 2004 e 2005, rumei para o Espírito Santo com o fim de verificar preliminarmente a situação de dez manguezais: dos rios Jucu, Congo, Una, Perocão, Meaípe, Parati, Benevente, Iconha, da Lagoa da Conceição e da Baía de Guarapari.

Nunca é demais caracterizar minimamente o manguezal para o leitor não familiarizado com ele. Trata-se de um ecossistema que normalmente se desenvolve na foz de rios, entre a terra e a água e entre a água doce e a água salgada. Pode também ocorrer no interior de lagoas costeiras e em praias de baixa energia oceânica. Como tem estrutura e identidade, ele não deve ser considerado um ambiente de transição (ecótono), mas como ecossistema cujas plantas e animais estão adaptados a substrato de lama formada por sedimentos finos aglutinados pelo encharcamento da água e com pouco ou nenhum oxigênio (anoxia). Pode ainda ocorrer em substrato pedregoso e arenoso. Por esta razão, as espécies vegetais exclusivas dele criaram formas de adaptação, como raízes que crescem do interior para a superfície do solo a fim de respirar, com poros em suas pontas que se fecham quando a maré sobe e se abrem quando ela desce. Estas raízes são chamadas de pneumatóforos e os poros, de lenticelas. Tal é o caso do mangue branco (Laguncularia racemosa) e das duas espécies de siribeira (Avicennia schaueriana e A. germinans). Também as três espécies de mangue vermelho (gênero Rhizophora) encontradas no Brasil apresentam lenticelas nas ramificações de seu caule. 

Os manguezais são ecossistemas intertropicais, invadindo muito pouco as regiões subtropicais. No Brasil, estendem-se da foz do rio Oiapoque (AP) a Laguna (SC). As maiores áreas de manguezal do Brasil e do mundo localizam-se entre o Maranhão e o Amapá. Sua fauna pode ser permanente, como o caranguejo-uçá (Ucides cordatus) e o caranguejo aratu (Goniopsis cruentata). Há ainda o guaiamum (Cardisoma guanhumi) e outros crustáceos. A alta produtividade biológica do manguezal torna-o local rico para reprodução, para desenvolvimento de espécies marinhas e fluviais e de fabricação de alimentos. Invertebrados, peixes, répteis, aves e mamíferos freqüentam-no em caráter permanente e temporário. 
O Estado do Espírito Santo é pródigo em manguezais, muito embora sua situação não difira dos manguezais existentes em outros estados do Brasil, notadamente entre Ceará e Santa Catarina. Em todos os quais estudei entre os rios Jucu e Itabapoana, das cinco espécies existentes nas regiões sudeste e sul, encontrei o mangue-branco (Laguncularia racemosa), entre todas, a dominante, além do mangue-vermelho (Rhizophora mangle), duas espécies de siribeira (Avicennia schaueriana e A. germinans), sendo que a primeira apenas no rio Benevente, e apenas dois exemplares de mangue de botão (Conocarpus erectus), esta não considerada uma espécie exclusiva de manguezais. 

A destruição por interferência humana direta e indireta representa uma séria ameaça para este ecossistema, ainda hoje visto como ambiente putrefato e insalubre. Esta visão nos foi legada pelos europeus, que detestavam pântanos. A supressão do bosque de mangue, o avanço da agropecuária, a industrialização, a urbanização, a poluição e o turismo podem ser apontados como os principais fatores diretos de destruição. Desmatamentos acima deles, erosão, sedimentação, barragens acima e abaixo, substituição da água salobra pela água doce ou pela água salgada, estabilização da lâmina d’água são os responsáveis indiretos por sua perturbação ou degradação, levando-o mesmo à morte.

Os manguezais situados entre os rios Jucu e Iconha são todos ribeirinhos, no encontro com água doce e água salgada, menos o manguezal do rio Parati, que, por ação humana, foi parcialmente estrangulado. Dentre os problemas que mais os assolam, os principais são: 

Desmatamento: É difícil encontrar nos dez manguezais analisados indícios de desmatamento com o fim exclusivo de obter lenha, mourões para cercas, casas e tutores para plantas. Não que essa prática não tenha ocorrido. Sucede que a regeneração natural dos manguezais foi impedida pela expansão imobiliária nas áreas desmatadas. Informantes antigos residentes em todas elas, contudo, confirmam que, outrora, os manguezais forneceram matéria prima em larga escala e que, atualmente, em menor intensidade, continuam fornecendo. De um modo tal, porém, que não se efetua a abertura de clareiras. A obtenção de informações é sempre difícil porque os informantes já estão cônscios da ação de órgãos governamentais de fiscalização. Entretanto, alguns trechos dos manguezais dos rios Jucu e Una parecem evidenciar desmatamento recente e esforço da vegetação exclusiva em se recompor. 
Agropecuária. O único manguezal que apresenta marcas da agropecuária é o do pequenino rio Parati, em vários pontos barrado por um proprietário rural para impedir o avanço das marés e a salinização do solo. Sob uma estrada, foi construído um grande bueiro celular para permitir a passagem do gado sem riscos. O trecho de manguezal acima dos barramentos apresenta-se estressado em nível subletal, como veremos adiante. Nos demais, não há pegadas deixadas pela agropecuária. Se esta atividade foi praticada no passado, seus vestígios mais nítidos desapareceram, até mesmo no maior manguezal dos dez: o do rio Benevente. Subindo este rio com um barqueiro que o conhece minuciosamente, cheguei a uma construção jesuítica do século 18. Os blocos de pedra estão deslocados e o prédio, em ruínas. Nada restou da agricultura e da pecuária, provavelmente praticadas outrora. 
Urbanização. Sendo áreas muito cobiçadas pela especulação imobiliária e pela construção civil, nenhum desses manguezais examinados foi poupado por prédios residenciais e públicos e por fábricas. Neste último caso, figuram principalmente os estaleiros e os frigoríficos. Embora o governo municipal de Vila Velha (ES) tenha criado o Parque de Jacaranema para proteger o manguezal do rio Jucu, impressiona a impunidade como residências e restaurantes se assentaram sobre ele, sem qualquer respeito a sua condição de área de preservação permanente. Um pequeno curso d’água batizado de rio do Congo, que desemboca na mesma enseada onde se encontra a foz do rio Jucu, teve suas margens ocupadas por edificações. Este pequeno rio, na verdade, é um canal aberto pelo extinto Departamento Nacional de Obras e Saneamento (DNOS) para drenar brejos que impediam a ocupação de terras, segundo informação de um pescador antigo. Ela já foi renativizado, apagando a assinatura inconfundível do DNOS. 

No rio Una, a expansão urbana sobre o manguezal foi praticada mais pela classe média e por pessoas de baixa renda, e não sem prejuízo menor para o ecossistema. Um dos casos mais graves é o do rio Perocão. A existência de restaurantes e a proximidade de Guarapari atraíram pessoas de baixa renda que construíram suas casas dentro do manguezal, avançando inclusive sobre a faixa de servidão pública do rio. Nele, a antropização se mostra tão acentuada que o manguezal corre sérios riscos de desaparecer. 
De todos os núcleos urbanos erguidos na área limitada pelos dois rios mais extremos, o maior e mais problemático é, sem dúvida, o de Guarapari. Uma foto aérea não deixa dúvida de que uma grande área de manguezal existente na Baía de Guarapari (foto), onde desembocam vários rios de pequena vazão foi engolida pela cidade. As amostras que restaram correm sérias ameaças. Os aterros crescem sobre o ecossistema já estropiado e tais acréscimos estão à venda. Existem algumas placas informado à população que manguezal é área de preservação permanente e que deve ser protegido, mas essa medida se revela inócua. 

Um pouco mais ao sul, corre o pequeno rio Meaípe, que deságua na praia do mesmo nome. Na década de 1960, ainda um povoado de pescadores, Meaípe é hoje um balneário muito procurado por seus restaurantes e hotéis. Mansões e casas pobres avançaram sobre o manguezal e estrangularam o rio. Duas pontes permitem a circulação de veículos motorizados, mas não a circulação adequada das águas sob elas. Em vez de vão aberto, as pontes passam sobre bueiros que tanto dificultam a descida da água doce quanto o avanço das marés. Acima da primeira ponte, o manguezal já foi suprimido pela invasão urbana e pela falta de água salobra. 

De todos os manguezais estudados, o do rio Benevente é o que apresenta menor grau de interferência humana, com uma bela população de mangue vermelho (Rhizophora mangle) em sua foz e uma longa faixa de vegetação exclusiva deste ecossistema rio acima. Mesmo assim, ele é afetado por obras públicas e particulares. A lagoa da Conceição, na verdade um pequeno rio que perdeu a capacidade de manter sua barra permanentemente aberta, espraia-se no apreciado balneário de Iriri. Sobre suas margens, casas ricas e pobres estão avançando rapidamente, comprometendo o pequeno manguezal. 

Por fim, a ironia maior fica reservada para o manguezal do rio Iconha, cuja foz localiza-se na praia de Piúma. Além de uma urbanização de tipo clássico, aterros foram feitos pela prefeitura, pelo Ministério Público e pelo Poder Judiciário para a construção de uma rodoviária, das dependências da instituição e do Fórum, respectivamente. Ministério Público e Judiciário, considerados os derradeiros bastiões na defesa do meio ambiente, dão, em Piúma, um deplorável exemplo. 

Poluição. É notória a poluição por esgoto doméstico, por óleo e por lixo dos dez manguezais estudados. A discussão a respeito dos males causados pelo esgoto orgânico sobre manguezais é ainda controversa. Ambiente rico em matéria orgânica decomposta, o manguezal tolera bem o esgoto doméstico. Na praia de Imbetiba, em Macaé (RJ), uma pequena carga de esgoto vem favorecendo o desenvolvimento de um manguezal mono-específico. Todavia, deve-se ter em conta que a matéria orgânica diluída contamina a água, tornando-a imprópria para recreação por contato primário, confere-lhe mau cheiro, compromete a estética do ambiente e pode saturar a lama do manguezal, tornando-o mais pobre em oxigênio do que já é. 

O lixo também afeta o manguezal, dificultando a troca de gases pelas raízes respiratórias. Por sua vez, o óleo em grande quantidade pode ser mortal para o ecossistema. Em doses pequenas e contínuas, ele causa estresse sub-letal ao ecossistema. Este caso pode ser comprovado no manguezal do rio Guaxindiba (RJ), onde ancoram muitos barcos de pesca que lançam o óleo em suas águas. Sistema aberto, o rio lança as águas oleosas ao mar, porém as marés provocam seu retorno. Ele adere às lenticelas e impede a ventilação da planta. 

Turismo. É uma falácia conceber o turismo como uma atividade anódina. Ela é perigosíssima, sobretudo quando se esconde sob o rótulo de ecoturismo. Por trás dele, há uma atividade que explora de forma predatória os atrativos turísticos. Felizmente, o manguezal ainda não é visto como um ambiente propício ao turismo. Nem por isto, ele é poupado. Nos manguezais aqui examinados, o turismo é pouco explorado. Os que mais sofrem com o turismo são os de Meaípe, Parati e Iriri. Os outros desembocam em praias plebéias ou conspurcadas pela própria presença do manguezal, que ainda é visto pelo turista mediano como ambiente pútrido e fétido. 
Obras públicas e particulares. Há intervenções em bacias hídricas que não são executadas em áreas de manguezal, mas que podem atingi-lo profundamente em seu coração, levando-o mesmo à morte. Barragens na foz de um rio ou em algum trecho de seu curso podem dar-lhe o caráter de lagoa ou reduzir o aporte de água doce. Quando a barra do rio não é fechada por ação antrópica, represamentos acima causam diminuição de vazão e vitória do mar sobre o rio, fechando sua foz ou salinizando-o excessivamente. Quando o sistema se fecha, a lâmina d’água se eleva e submerge as raízes respiratórias em caráter prolongado. Se não morrem, as plantas de manguezal entram em estresse. Para sobreviver, o mangue branco (Laguncularia racemosa) e a siribeira (Avicennia schaueriana e A. germinans) costumam emitir raízes adventícias das quais brotam raízes respiratórias acima da linha d’água para continuar a exercer suas funções vitais. No mangue vermelho (Rhizophora mangle), as lenticelas deslocam-se para a parte emersa das ramificações do caule. Quando a lâmina d’água se torna mais delgada, mas ainda mantendo submersos os pneumatóforos, seu aquecimento pelo sol pode também causar estresse às plantas. 

Os represamentos que fecham bacias e enclausuram manguezais podem alterar o teor de salinidade da água, quer reduzindo-o drasticamente, quer concentrando-o excessivamente. No primeiro caso, a substituição da água salobra pela água doce cria condições para a invasão de plantas aquáticas e semi-aquáticas que competem com as plantas exclusivas de manguezal, podendo mesmo vencê-las. No segundo caso, o aumento da salinidade ultrapassa a capacidade das plantas de lidar com essa alteração. O consumo de energia despendido leva-as a não alcançar o pleno desenvolvimento. 

O rio Parati foi barrado nas adjacências da foz. O trecho do manguezal abaixo da barragem continua sofrendo influência das marés e não apresenta sinais de estresse, apesar de estar havendo invasão de plantas competitivas. Acima da barragem, a biodiversidade empobreceu-se e os exemplares de mangue branco (Laguncularia racemosa) emitiram raízes adventícias para sobreviver às novas condições, enquanto os poucos exemplares de mangue vermelho (Rhizophora mangle) mostram lenticelas deslocadas para a parte emersa das ramificações do caule. Na lagoa da Conceição, uma barragem pouco acima da foz produziu alterações de vazão que se refletiram na foz. Atualmente, ela não consegue se manter aberta em caráter permanente. O manguezal que se desenvolveu na parte baixa do rio está sob estresse com a lâmina d’água oscilando lentamente. Além do mais, a dulcificação da água favoreceu a entrada de espécies oportunistas e concorrentes. 

O caso mais radical neste trecho da costa não entrou na presente lista. Trata-se da lagoa de Maimbá, uma extensa lagoa costeira cheia de meandros que, segundo informações de um morador bastante idoso, tinha comunicação permanente com o mar e, por isso, abrigava um manguezal nas proximidades costeiras. Para obter água doce, a empresa de mineração Samarco construiu um sistema de bueiros permitindo que apenas a água da lagoa vertesse para o mar, bloqueando a água salgada das marés. A lâmina d’água tornou-se espessa e estável por longo período. O manguezal pereceu e espécies vegetais resistentes à água doce invadiram a lagoa. Mas mesmo para estas, como é o caso do algodoeiro-da-praia (Hibiscus pernanbucensis), foi necessário disparar mecanismos de adaptação. Vários exemplares desta espécie apresentam raízes adventícias, a exemplo do mangue branco e da siribeira sob estresse. 

Para todos os manguezais do Brasil, o futuro é sombrio. Ele não deixaria, portanto, de ser sombrio para os que passamos em revista neste artigo. Estudar sua história, demarcar suas áreas originais da maneira mais aproximada possível, remover as construções erguidas em seu âmbito, sustar o despejo de resíduos líquidos e sólidos, promover a sua restauração e revitalização com aumento da biodiversidade... tudo parece uma quimera. Edgar Morin tornou-se pessimista por causa dos rumos seguidos pela humanidade. Contudo, ele não se deixa vencer, sempre confiando num acaso modificador, num acontecimento imprevisível que possa construir um outro caminho para que os seres humanos sobrevivam ao nosso modo ecologicamente insustentável de civilização. Penso como ele.