sexta-feira, 13 de novembro de 2015


ES tem 3,89 milhões de pessoas e 200 mil analfabetos, aponta IBGE

Taxa de analfabetismo do estado é a segunda maior da região Sudeste.
Dados Pnad são relativos ao ano de 2014.

Do G1 ESA Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, divulgada nesta sexta-feira (13) pelo IBGE, faz um retrato sobre a situação da população capixaba comparando dados relativos a 2013 e 2014.  Entre os aspectos citados, estão a taxa de analfabetismo, desocupação, condições de moradia e posse de bens.

De acordo com o levantamento, no ano de 2014 a população capixaba foi estimada em 3,894 milhões de pessoas, 1,2% (45 mil) acima de 2013. Desses, 746 mil não são naturais do Espírito Santo, representando 19,2% da população do estado.
População no Centro de Vitória (Foto: Divulgação/ Agência Brasil)População no Centro de Vitória (Foto: Divulgação/ Agência Brasil)
Educação
No aspecto que diz respeito è educação no estado, a taxa de analfabetismo entre as pessoas de 15 anos ou mais ficou em 6,6%. O número é  menor que a taxa nacional, de 8,3%, e a 2ª maior da Região Sudeste. Dos analfabetos, 57,5% eram mulheres.
Dos estudantes matriculados, 79,6% estudavam em instituições da rede pública. Entre as crianças com idades entre 4 e 5 anos, a taxa de escolarização foi a maior da região Sudeste, alcançando 86,4%.
Ocupação, trabalho e renda
A população ocupada totalizou 1,982 milhão de pessoas em 2014. O nível da ocupação (proporção de pessoas ocupadas na população em idade ativa) aumentou de 61,8% em 2013 para 64,8% em 2014, tendo o maior nível da ocupação dos estados da Região Sudeste.
O trabalho com carteira assinada abrangeu 63,9% dos empregados.
A taxa de desocupação (proporção de pessoas desocupadas em relação à população economicamente ativa) subiu de 6% em 2013 para 6,5% em 2014. Dos desocupados (pessoas sem trabalho que estão tentando se inserir no mercado), cerca de 54,9% eram mulheres. Outra característica é que 63,8% das pessoas desocupadas estavam no grupo de idade de 18 a 39 anos de idade.
Cerca de 14 mil crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos de idade foram consideradas ocupadas no estado. O número representou um aumento de 55,6% em relação a 2013 (9 mil crianças e adolescentes). Do total de crianças de 10 a 14 anos ocupadas, 9 mil trabalhavam em atividade agrícolas e 5 mil não agrícola.
O rendimento médio mensal real de todos os trabalhos das pessoas de 15 anos ou mais ocupadas com rendimento em 2014 foi estimado em R$ 1.732, valor 4,3% superior ao de 2013 (R$ 1.660,00).
Ainda segundo a pesquisa, a proporção do rendimento de trabalho das mulheres em relação ao rendimento dos homens passou de 69,1%, em 2013, para 73,0%, em 2014.
Em média, os homens receberam R$ 1.953,00 (abaixo da média nacional de R$ 1.987,00), enquanto as mulheres receberam R$ 1.426,00 (também abaixo da média nacional de R$ 1.480,00).
Domicílios e bens
Dos  1,321 milhão de domicílios particulares permanentes contabilizados no estado, 71,7% eram próprios, 20% eram alugados e 8,3% eram cedidos. Quase todos (99,9%) eram atendidos pelo serviço de iluminação elétrica, 87,5% com rede de água, 75,3% com rede de esgoto, 91% com coleta de lixo, e 96,2% com algum tipo de serviço de telefonia.
A proporção de domicílios que possuíam geladeira (99%) e televisão (97,7%) manteve-se praticamente a mesma com relação a 2013. A pesquisa também registrou que 772 mil domicílios possuíam máquina de lavar. O percentual de domicílios onde pelo menos um morador possuía carro para uso pessoal foi de 45,5%.
Além disso, 52,4% de domicílios tinha microcomputadores. Destes, cerca de 597 mil possuíam acesso à Internet, ou 86,2% do total de domicílios com computador.
veja também

quinta-feira, 12 de novembro de 2015



Samarco deve resgatar peixes antes de lama chegar ao ES, diz governo

Empresa deve recolher animais, separar em tanques e, depois, devolvê-los.
Peixes já começaram a morrer próximo a Mariana, em Minas Gerais.

Do G1 ES, com informações de A Gazeta
Peixes começaram a morrer no RioDoce, em Minas Gerais (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)Peixes começaram a morrer no RioDoce, em Minas Gerais (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)
A Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos quer que a Samarco recolha do Rio Doce a maior quantidade possível de peixes, insira-os em tanques apropriados e, depois, solte-os novamente no rio, assim que o nível de poluição deixar de ser uma ameaça às espécies.
O rompimento de duas barragens de rejeitos de minério da Samarco aconteceu no dia 5 de novembro e causou uma enxurrada de lama no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais. A lama também chegará ao Espírito Santo e deve afetar o abastecimento de água de Baixo Guandu, Colatina e Linhares.
Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).
Por nota, a Samarco  informou que recebeu o auto de intimação do Iema no último domingo (8) e que está tomando as providências relacionadas no documento. Reiterou que as ações imediatas já foram iniciadas e as demais estão sendo executadas dentro do prazo estabelecido.
O secretário da pasta, Rodrigo Júdice, garante que essa operação é viável, mesmo que uma quantidade mínima de espécies seja resgatada.
“Tem que ser uma atitude imediata. Os peixes estão tentando sobreviver desesperadamente. Muitos pulando fora da água. O mínimo que for salvo é muito, diante dessa tragédia ambiental”, destacou.
Estima-se que a enxurrada, que é muito densa, tem se movido a uma velocidade de 1km/h. O prefeito de Baixo Guandu, Neto Barros, também defende a viabilidade do resgate dos peixes antes que a onda de lama se aproxime do Espírito Santo.
“A lama é avermelhada e tem um cheiro horrível, sem vida. Os peixes devem ser coletados antes que morram todos. Ainda dá tempo de salvar alguma coisa”, afirmou o chefe do executivo, que visitou a região de Valadares e Tumiritinga, nesta quarta-feira (11), para ver de perto onde a massa lama.
Destruição
Por onde passa, a enxurrada de lama deixa um severo rastro de destruição ambiental. O biólogo Marco Bravo ressaltou que, além da mortandade, a lama deve desencadear uma série de problemas na cadeia alimentar do rio e do mar, causando até o sumiço de algumas espécies.

“Quando essa lama chegar a Regência, Linhares, há peixes endêmicos que vivem no estuário (encontro do rio com o mar), como tipos de robalo, que vão sofrer o impacto”, disse.
O secretário Rodrigo Júdice alerta também que a onda poluidora afeta diretamente as comunidades pesqueiras, que vivem às margens do Doce e dependem da atividade para sobreviver. Uma delas é a de Mascarenhas, onde mais de 700 moradores dependem, direta ou indiretamente, da pesca. “A Samarco também deverá indenizar quem ficar impossibilitado de pescar”, falou.
Nível do Rio Doce
O nível do Rio Doce em Colatina, no Noroeste do Espírito Santo, caiu mais de 40 centímetros de um dia para o outro, após a passagem da onda de cheia, que antecede a lama proveniente das barragens de rejeitos rompidas em Mariana, Minas Gerais. Nesta terça-feira (10), o rio estava em 173 centímetros e, nesta quarta (11), apontava 130 centímetros na régua da Agência Nacional das Águas.

Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade a ser afetada pela onda de lama, deve chegar entre a segunda (16) e a terça-feira (17).
* Com informações de Carla Sá e Patrik Camporez, do jornal A Gazeta.
Rio Doce vira lama em Minas Gerais e fauna começa a morrer (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)Rio Doce vira lama em Minas Gerais e fauna começa a morrer (Foto: Leonardo Merçon/ Últimos Refúgios)

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

Vitória é a capital com maior taxa de feminicídios no Brasil, diz estudo

ES tem taxa mais alta de homicídios de negras e a 2ª de mulheres no total.
Dados são referentes a 2013, ano mais recente analisado na pesquisa.

Manoela Albuquerque Do G1 ES
Em 2013, Vitória foi a capital com maior taxa de homicídios de mulheres no Brasil (Foto: Reprodução / Mapa da Violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil)Em 2013, Vitória foi a capital com maior taxa de homicídios de mulheres no Brasil
(Foto: Reprodução / Mapa da Violência 2015: homicídios de mulheres no Brasil)
O estudo "Mapa da Violência 2015: Homicídio de Mulheres", divulgado nesta segunda-feira (9), aponta Vitória como a capital com maior taxa de feminicídios no Brasil. O município de Sooretama, no Noroeste do estado, tem a 3ª maior taxa. Na lista dos 100 municípios com maior taxa de feminicídios, não há nenhuma capital.

O Espírito Santo é o estado com a taxa mais alta de homicídios de negras e aparece como o 2º estado com maior taxa de homicídios femininos no país, com 9,3 homicídios a cada 100 mil mulheres. Os dados são referentes ao ano de 2013, o mais recente apresentado na pesquisa.

Secretário de Segurança diz que fator social influencia taxa (Foto: Reprodução / TV Gazeta)Secretário de Segurança diz que fator social
influencia taxa (Foto: Reprodução / TV Gazeta)
Em contrapartida, o estado apresentou queda nos números de feminicídios depois da promulgação da lei Maria da Penha, em 2006.
O secretário de segurança pública do estado, André Garcia, informou ao G1 que a projeção da Sesp é de que a taxa em 2015 seja de 6,5 homicídios a cada 100 mil mulheres.

"Se dependesse de mim, a taxa seria zero. O Espírito Santo sempre esteve em primeiro, já está no segundo. A taxa está caindo", declarou.

O estudo em questão é de autoria do sociólogo argentino Julio Jacobo Waiselfisz, radicado no Brasil, e analisa dados oficiais nacionais, estaduais e municipais sobre óbitos femininos no Brasil entre 1980 e 2013, passando ainda por registros de atendimentos médicos.
Se dependesse de mim, a taxa seria zero. O Espírito Santo sempre esteve em primeiro, já está no segundo [...] a nossa projeção é de que a taxa caia para 6,5, mas ainda é muito acima da média nacional. A gente tem um longo caminho a percorrer."
André Garcia, secretário de segurança pública do Espírito Santo
"Muito embora ele [o estudo] aponte queda na taxa de homicídios de mulheres entre 2006 e 2013, eu ainda acho que a gente tem muito a caminhar nesse processo, porque a nossa projeção é de que a taxa caia para 6,5, mas ainda é muito acima da média nacional. A gente tem um longo caminho a percorrer. É fato que começou um processo de redução nos últimos anos em geral, e também de mulheres, mas, no caso das mulheres, o desafio é muito maior", disse o secretário de segurança pública do Espírito Santo.
De acordo com o secretário, as causas do feminicídio são diferentes das do homicídio. "A mulher é mais insegura em casa do que na rua, ao contrário dos homens, que são mais inseguros na rua, na via pública, do que em casa. Os agressores, normalmente, na grande maioria dos casos são pessoas conhecidas, companheiros, maridos, parentes próximos", pontuou.

Lei Maria da Penha e queda nas taxas
Entre 2006, ano da promulgação da lei Maria da Penha, e 2013, apenas o Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo, Rondônia, Pernambuco, registraram quedas nas taxas de homicídios de mulheres.

"A Lei Maria da Penha é uma das leis que mais tiveram eficácia social. Primeiro para debater o tema, jogou luz sobre a violência contra a mulher. E, ao mesmo tempo, tornou-se um marco de punição. Hoje, nós temos à disposição da polícia e do poder judiciário instrumentos que não existiam de maneira tão clara e eficaz. A lei tem um papel fundamental, até no imaginário, de que há um instrumento legal que vai penalizar o marido ou companheiro que insistir em praticar a violência contra a mulher", opinou o secretário de segurança André Garcia.
Medidas
Apesar de o estado ter ferramentas para apoio às mulheres vítimas de violência, Garcia apontou o fator social como determinante para a mudança do quadro de feminicídios.

"A Secretaria de Segurança tem uma casa abrigo para mulheres vítimas da violência, nós temos uma delegacia homicídios e proteção à mulher, que foi a primeira do país. Temos as delegacias de mulheres, as ações que a Polícia Militar faz de visitas às vítimas, a Polícia Civil tem oficinas para maridos e companheiros agressores, chamada 'Oficina Homem que é homem'", disse o secretário.

Mas o mais importante e o fundamental é a gente impactar no fator social. Não adianta o estado disponibilizar recursos se a gente não mudar a nossa cabeça, especialmente a dos homens"
André Garcia, secretário de segurança pública do Espírito Santo
"Mas o mais importante e o fundamental é a gente impactar no fator social. Não adianta o estado disponibilizar recursos se a gente não mudar a nossa cabeça, especialmente a dos homens", enfatizou.
O pai de uma das vítimas de violência em Vitória, João Batista Salene do Vale, acredita que medidas protetivas não fazem os agressores mudarem, mas conseguem evitar a violência contra a vítima que o denunciou.
A filha dele, Priscilla Saleme, utilizou o botão do pânico para afastar o agressor, seu ex-namorado.
"Eu acho que você não o consegue, com uma ação, corrigir o problema. Você corrige um dos problemas. Nesse aspecto, o botão vale para afastar", opinou o pai.

Interior
O município de Sooretama, no Noroeste do Espírito Santo, tem a terceira maior taxa de feminicídios entre todos os municípios do Brasil e a maior do estado. Com população feminina média de 11.920, o município teve taxa de 21,8% por 100 mil mulheres.

Segundo André Garcia, a taxa não representa uma novidade. "Isso não é nenhuma novidade, não acredito que haja a interiorização da violência contra a mulher. A violência doméstica é um crime proporcionalmente maior no interior", disse o secretário.

Nenhuma capital figura a lista de 100 municípios do Brasil com maior taxa de feminicício.

Brasil: 13 feminicídios por dia
Entre 2003 e 2013, o número de homicídios de mulheres passou de 3.937 para 4.762, aumento de 21% no período. As 4.762 mortes em 2013, último ano do estudo, representam uma média de 13 mulheres assassinadas por dia.

Entre 1980 e 2013 foram assassinadas 106.093 mulheres, 4.762 só em 2013. O país tem uma taxa de 4,8 homicídios para cada 100 mil mulheres, a quinta maior do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) que avaliaram um grupo de 83 países.

Levando em consideração o crescimento da população feminina entre 2003 e 2013 (passou de 89,8 milhões para 99,8 milhões), a taxa de homicídio de mulheres saltou de 4,4% em 2003 para 4,8% em 2013, aumento de 8,8% no período.

Entre 2003 e 2013, as taxas de homicídios de mulheres nos estados e no Distrito Federal cresceram 8,8%, enquanto nas capitais caíram 5,8%, evidenciado, segundo o estudo, a interiorização da violência, fenômeno observado em mapas anteriores.

Dentro de casa
Outro dado importante do estudo é o local do homicídio: 27,1% deles acontecem no domicílio da vítima, indicando a alta domesticidade dos assassinatos de mulheres. Outros 31,2% acontecem em via pública, e 25,2%, em estabelecimento de saúde. 50,3% dos homicídios de mulheres no Brasil são cometidos por familiares