Motorista da carreta usou cocaína e
rebite antes de acidente na BR-101 no ES, apontam exames toxicológicos
Perito criminal explicou
que, entretanto, ele não estava sob efeito da droga, que teria sido usada cerca
de 12 horas antes da viagem. Já o rebite foi usado antes do motorista pegar a
estrada.
Exames toxicológicos
comprovaram que o motorista da carreta envolvida no maior acidente da história nas rodovias do Espírito
Santousou cocaína e a anfetamina rebite, horas antes de colidir
contra o ônibus da Águia Branca. Vinte e três pessoas morreram.
"Apesar de haver
benzocaína, metabólico da cocaína, no organismo do motorista, ele não estava
sob efeito da droga no momento do acidente. Ele usou a cocaína provavelmente
cerca de 12 horas antes de viajar. Já o uso do rebite ocorreu logo antes de
viajar. O grande risco dessa anfetamina é que ela tira o reflexo do motorista
e, apesar de tirar o sono por um tempo, depois que o efeito passa, ele volta a
ter uma sonolência intensa, podendo até dormir no volante", explicou o
perito toxicológico Rafael Barcellos Bazarella.
Além disso, a perícia
criminal descobriu que as características do caminhão foram adulteradas. De
acordo com o perito Marcus Bhering Bragança, o caminhão não tinha qualquer
condição de fazer o transporte de carga.
"Os freios e pneus
estavam em más condições e havia excesso de carga. Ainda não há como dizer que
estava em alta velocidade porque o disco do tacógrafo foi retirado pela PRF
antes da chegada da perícia. Mas já sabemos que o aparelho não estava
registrado e não tinha selos necessários ou para burlar a fiscalização ou por
falta de manutenção".
Para o delegado Alberto Roque
Peres, titular da Delegacia de Delitos de Trânsito, o excesso de trabalho do
motorista aliado às más condições dos caminhões usados pela transportadora só
confirmam o fato de que o dono da empresa teve responsabilidade no acidente.
"Convicção continua na
mesma linha de que a negligência foi muito forte, de total desprezo à vida
humana, o que caracteriza em dolo eventual. No sábado os últimos corpos foram
liberados. Estamos ouvindo sobreviventes e quatro delas já representaram
criminalmente o dono da transportadona".
O delegado completou que a
polícia já está perto de identificar o dono da pedra que era transportada. Ele
também irá responder civil e administrativamente pelo acidente, podendo
responder também criminalmente.
Dono da carreta
Jacymar Pretti, um dos
donos da Jamarle Transportes, empresa responsável pela carreta, chegou a ser preso em flagrante no dia 23 de junho.
Mas a Justiça determinou a expedição do alvará de soltura em favor do
empresário.
A decisão da juíza Daniela de
Vasconcelos Agapito, da Vara de Iconha, saiu na tarde do dia seguinte. De
acordo com a Secretaria de Estado Justiça (Sejus), o empresário foi solto no
início da noite, no mesmo dia.
O irmão e sócio dele também foi
intimado e deve prestar depoimento. A polícia ainda vai investigar se o
motorista da carreta, Nadson Santos, que morreu no acidente, tinha condições de
dirigir.
Postado por: Giovana M. de
Araújo