GABRIELA GUERREIRO
da Folha Online, em Brasília
O senador Gerson Camata (PMDB-ES) subiu à tribuna do Senado nesta segunda-feira para se defender das denúncias de corrupção reveladas pelo seu ex-assessor Marcos Andrade --que foi funcionário do peemedebista por quase 20 anos.
Em entrevista ao jornal "O Globo", Andrade acusou o senador de receber propina de empreiteiras e de maquiar as prestações de contas de seu mandato parlamentar.
Emocionado, o senador chorou por duas vezes durante o longo discurso de defesa. Camata negou todas as denúncias reveladas pelo ex-assessor ao afirmar que Andrade sofre de distúrbios psiquiátricos e foi "instrumentado" para acusá-lo de envolvimento em atos de corrupção.
"Ele foi instrumentado por alguém, para, com uma série de inverdades, sem nenhuma comprovação de nada, assacar contra a minha honra. Eu vou me defender; para cada acusação, tenho um papel. Fui acusado sem nenhuma prova, e, para cada acusação, tenho prova", afirmou.
Segundo o ex-assessor, Camata teria recebido propina da Odebrecht para a construção de um ponte no Espírito Santo no período em que governou o Estado. O parlamentar, porém, nega qualquer vínculo com a empreiteira.
"Tive relacionamento com a empresa, visitando obras, acelerando a obra, vendo se estava faltando um pouco de dinheiro, se estava precisando de mais recurso, essas coisas normais que os secretários trazem quando estão acompanhando uma obra, e em que, às vezes, o governador tem que intervir."
O senador também foi acusado pelo ex-assessor de apresentar prestações de contas falsas para justificar gastos inexistentes. Camata negou qualquer irregularidade ao longo de seu mandato parlamentar. "Agora começam a aparecer umas pessoas que eu acho que estão envolvidas com isso ou são delegadas de quem está envolvido. Querem antecipar a campanha política do Espírito Santo, que vai ser no ano que vem", afirmou.
Camata disse que vai pedir afastamento do Conselho de Ética do Senado até que o órgão apure as denúncias reveladas pelo ex-assessor. O senador pediu que o conselho investigue as denúncias, assim como a Corregedoria do Senado --que tem à frente o senador Romeu Tuma (PTB-SP).
"Enquanto durar a investigação, eu não quero fazer parte do Conselho de Ética. Eu quero que o Conselho de Ética tenha toda a independência e o faça com rigor, a fim de que essas denúncias sejam apuradas à luz dos documentos que estou fornecendo", afirmou.
Solidariedade
Senadores que decidiram passar o feriado de 21 de abril em Brasília foram prestar solidariedade ao colega no plenário da Casa. Oito senadores, além do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), acompanharam o discurso do peemedebista --o que garantiu o número mínimo de parlamentares necessário para a abertura da sessão plenária.
Sarney disse que a "indignação e a revolta" de Camata "dão a profundidade da injustiça" que atingiu o parlamentar. "O senhor foi o alvo errado e indevido de insultos. A solidariedade desta Casa é um conforto. Sou testemunha do seu espírito de luta, sei que é um homem correto, um cidadão exemplar", afirmou.
Camata chegou às lágrimas durante o discurso de solidariedade prestado pelo senador Pedro Simon (PMDB-RS), que lembrou sua trajetória histórica no PMDB.
"Eu não sei para onde querem ir, para onde estamos indo, o que está acontecendo e como vai terminar, mas não vai ser brincando com o nome de pessoas como Vossa Excelência que vão atingir o que quer que seja. Se pensam que com isso haverão de nos atingir e que pessoas com a garra de Vossa Excelência vão se perder no caminho, estão muito enganados", afirmou Simon.
A deputada Rita Camata (PMDB-ES), mulher do senador, acompanhou o seu discurso sentada no plenário do Senado.
Comentários dos leitores
Alcides Emanuelli (1032) 19/04/2009 19h37
Esse cara ainda não foi demitido! isso é uma vergonha, imaginem a farra que esse cara fazia com o dinheiro do Senado.
Uma casa de 5 milhões, ele deve ter um monte de trabalho em outras empresas, deve tambem ter meia duzia de empresas privadas que é o dono para ter tanto dinheiro assim para comprar uma casa.
A bem da ética e da moral, tem que ser revisto todas essas estruturas e quem não for concursado, quem tem parentes que foram colocados usufruindo dessa privilégio que é o empreguismo, tem que ser convidado a se retirar a força com a policia e tudo o mais.
Bem mas se era permitido tantas irregularidades, vamos esquecer a policia, mas esta na hora de entrar alguem competente e honesto para mudar todo esses sistema de uma administração inconsequente e irresponsavel e burra e incompetente.
Ainda por cima muitas dessas pessoas tem curos Superior é mais vergonhoso ainda de que vale ter um deploma se são incompetentes e inconsequente.
Meu Deus porque não se muda toda essas estruturas administrativa inconsequente e se moralize os cargos em todos os sentidos, terminando com o nepotismo e terminando com funções comissionadas ou limitando esses cargos de confiança a no maximo 5 por parlamentar.
Meu Deus que coisa triste estamos vendo e assistindo nada é como isso, essa vergonha toda não tem precedentes. sem opinião
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Carlos Franco Franco (361) 19/04/2009 14h59
esta dificil se escolher um diretor para esse tão cobiçado cargo, esta mais dificil que achar um politico honesto, aonde nos estamos, estamos perdidos, imagina o que nos brasileiros desconhecemos, o que acontece nesta duas casas. bom esse congresso e esta camara. e os presidentes em nada ajudam, nos temos que aguentar tudo isto. 2 opiniões
Deoclides Lopes da Silva (4) 19/04/2009 11h53
Não sei com que interesse os meios de comunicação estão divulgando estas informações, mais espero que continuem.
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