quarta-feira, 25 de abril de 2012

Polícia resgata corpos e veículo de jovens desaparecidos em rio da BA (Postado por Lucas Pinheiro)

Os corpos dos cinco universitários desaparecidos há uma semana depois de saírem do Espírito Santo com destino à Bahia já foram resgatados dentro do Rio Mucuri, próximo à cidade homônima, e encaminhados ao Instituto Médico Legal de Teixeira de Freitas, ainda na Bahia, na madrugada desta quarta-feira (25). A ação foi concluída por volta das 3h, quando policiais e Bombeiros puxaram o veículo, localizado por volta das 20h, com o auxílio de um guincho.

Segundo a perícia inicial, os corpos são investigados como sendo os dos cinco jovens, restando apenas a constatação da perícia final, que só será realizada após o reconhecimento dos parentes dos universitários que são aguardados no IML, previsto para acontecer o mais breve.

De acordo com a polícia, a confirmação de que o carro era de André Galão, um dos rapazes do grupo, além da presença de três corpos no banco de trás, são fortes indícios de que os corpos são dos jovens. Além disso, o carona foi encontrado nas proximidades do riacho onde o carro estava, próximo a algumas árvores, configurando um total de cinco ocupantes, com características que conferem com as repassadas por familiares sobre os jovens.

O perito Alexson Magalhães informa que, no interior do veículo, foram achados documentos do proprietário e de objetos pessoais que conferem com os descritos por parentes dos jovens. Magalhães fez parte da equipe de quatro peritos da polícia técnica que participaram das buscas e da captura. Segundo ele, as vítimas que estavam dentro do carro utilizavam cinto de segurança no momento em que foram encontradas.

A polícia inicia as investigações com a hipótese de acidente de trânsito, que teria ocorrido em uma curva perigosa, por conta das condições do veículo e dos cálculos de distância e frenagem realizados no local.

"Ainda vamos aguardar os resultados dos exames de necropsia, que poderão acusar algum sinal de violência nos corpos e levantar alguma suspeita de crime, mas, a princípio, trabalhamos com a hipótese de acidente, visto que o carro foi encontrado em uma distância muito grande do ponto de frenagem, o que pode configurar um excesso de velocidade, seguido de capotamento", afirma.

Buscas
De acordo o capitão Anilton Almeida, do 13º Batalhão da Polícia Militar (PM) de Teixeira de Freitas, o veículo modelo Punto, placa OBC-9685, foi encontrado submerso no Rio Mucuri. Ele informou que um corpo foi localizado às margens do rio. A polícia do Espírito Santo avisou às famílias. Cerca de 60 homens trabalharam no resgate, com contingentes das polícias da Bahia e do Espírito Santo, Corpo de Bombeiros, IML, além da equipe da Companhia de Ações Especiais da Mata Atlântica (Caema).

Boato
Na manhã de terça-feira (24), a Secretaria de Estado de Segurança Pública (SSP) chegou a informar que um carro com cinco corpos havia sido encontrado na localidade de Juerana, próximo a Posto da Mata, em Nova Viçosa. Mas o superintendente de Polícia do Interior, Danilo Bahiense, sobrevoou o local e não confirmou o fato.

Bahiense afirma que o que motivou as buscas foi "um boato". "Recebemos a informação e fomos ao local para checar. Sobrevoamos a região de helicóptero e o coronel também nos auxiliou, de carro, mas foi boato. Não encontramos nada", disse.

Desaparecimento
Os cinco jovens que seguiam do Norte do Espírito Santo para Prado, na Bahia, na última sexta-feira (20), desapareceram antes de chegar ao destino. Os universitários de São Mateus e Colatina saíram do Espírito Santo às 19h e foram vistos pela última vez em um posto de combustíveis em Pedro Canário.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Polícia do ES sobrevoou Sul da BA em busca de jovens desaparecidos (Postado por Lucas Pinheiro)

As buscas aos universitários capixabas desaparecidos foram reforçadas no Norte do Espírito Santo e no Sul da Bahia. Na manhã desta terça-feira (24), a Secretaria de Estado de Segurança Pública chegou a informar que um carro com cinco corpos havia sido encontrado na localidade de Juerana, próximo a Posto da Mata, em Nova Viçosa. Mas, o superintendente de Polícia do Interior Danilo Bahiense sobrevoou o local e não confirmou o fato.  O coordenador regional da Polícia Civil no extremo Sul da Bahia Marcos Vinícius Almeida disse que as buscas continuam.

Bahiense afirma que o que motivou as buscas foi "um boato". "Recebemos a informação e fomos ao local para checar. Sobrevoamos a região de helicóptero e o coronel também nos auxiliou, de carro, mas foi boato. Não encontramos nada. As buscas continuam", disse.

Os cinco jovens que seguiam do Norte do Espírito Santo para Prado, na Bahia, na última sexta-feira (20), desapareceram antes de chegar ao destino, segundo familiares. Os universitários de São Mateus e Colatina saíram do estado às 19h e foram vistos pela última vez em um posto de combustíveis em Pedro Canário.

Rosaflor Oliveira, Izadora Ribeiro, Amanda Oliveira, Marllonn Amaral e André Galão estavam em um Fiat Punto prata dirigido por André. Eles iam para Prado comemorar o aniversário da mãe de Izadora. A irmã de Rosaflor, Luísa Chacon, disse ao G1 que os pais saíram de Vitória com destino a São Mateus para ajudarem nas buscas. "Minha irmã faz faculdade lá. Está sendo muito difícil", conta. Segundo Luísa, até a manhã desta segunda-feira (23) ainda não havia novidades sobre o desaparecimento.

Enquanto acompanha a investigação da polícia sobre o desaparecimento da filha junto com outros quatro amigos em viagem à Bahia, Zaquel Silveira, pai de Izadora Ribeiro, disse ao G1 que não perdeu as esperanças. "Nunca podemos pensar negativo", declarou. Ele mora em Prado, na Bahia, e está em São Mateus, no Espírito Santo.

O pai de Izadora não vê a possibilidade de alguém de Prado ter a intenção de fazer algum mal à filha. "Não sei a respeito de nenhum ex-namorado dela na cidade. Ela era uma pessoa muito querida", contou. O atual namorado de Izadora, Wagner Buffon, de 30 anos, também vai prestar depoimento nesta terça-feira. "Ninguém tinha motivo para fazer nada com ela. Era uma menina jovem, com tudo pela frente", afirmou.

No programa Mais Você desta terça-feira, Doralice Ribeiro Santos Oliveira, mãe de Izadora, revelou que existe uma possibilidade de crime de vingança contra eles, mas não quis dar detalhes do caso e afirmou que a polícia está ciente de todos os detalhes para seguir a investigação.

A mãe de Rosaflor, Márcia Pereira de Oiliveira, continua na delegacia de São Mateus, esperando por notícias oficiais. "Estamos renovando a esperança a cada minuto, recebemos muita notícia ruim, muito trote, muita coisa sem sentido, é muito difícil. Nossa posição é permanecer aqui até ter uma informação concreta do delegado, ou de fonte oficial", disse.

Segundo a mãe de Rosaflor, todos os pais dos cinco jovens estão reunidos na delegacia da Polícia Civil, em São Mateus. Qualquer informação pode ser encaminhada à Delegacia de Pessoas Desaparecidas pelo telefone (27) 3137-9065 ou pelo disque-denúncia 181.

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Universitários do ES desaparecem em viagem à Bahia, diz família (Postado por Lucas Pinheiro)

Cinco jovens que seguiam do Norte do Espírito Santo para Prado, na Bahia, na última sexta-feira (20), desapareceram antes de chegar ao destino, segundo familiares. Os universitários de São Mateus e Colatina saíram do estado às 19h e, de acordo com parentes, foram vistos pela última vez em um posto de combustíveis em Pedro Canário.

Rosaflor Oliveira, Izadora Ribeiro, Amanda Oliveira, Marllonn Amaral e André Galão estavam em um carro prata dirigido por André, modelo Punto, e iam para Prado comemorar o aniversário da mãe de Izadora. A irmã de Rosaflor, Luísa Chacon, disse ao G1 que os pais saíram de Vitória com destino a São Mateus para ajudarem nas buscas. "Minha irmã faz faculdade lá. Está sendo muito difícil", conta. Segundo Luísa, até a manhã desta segunda-feira (23) ainda não havia novidades sobre o desaparecimento.

Segundo a mãe de Rosaflor, todos os pais dos cinco jovens estão reunidos na manhã desta segunda-feira na delegacia da Polícia Civil, em São Mateus, à espera de novidades no caso. Qualquer informação pode ser encaminhada à Delegacia de Pessoas Desaparecidas pelo telefone (27) 3137-9065 ou pelo disque-denúncia 181.

sexta-feira, 20 de abril de 2012

Desvios de R$ 50 mi levam à cadeia a cúpula de cidade do Espírito Santo financiada por royalties (Josias de Souza)


Acionadas pelo Ministério Público do Espírito Santo há seis meses, a Polícia Federal e a Controladoria-Geral da União viraram do avesso a prefeitura do município de Presidente Kennedy. Detectaram-se desvios estimados em cerca de R$ 50 milhões.
Nesta quinta (19), foram ao meio-fio 230 policiais federais. Executaram 51 mandados de busca e apreensão. Prenderam 28 pessoas. Entre elas o prefeito da cidade, Reginaldo Quinta (PTB), seis secretários, o procurador-geral do município, servidores, empresários e dois PMs –um deles comandante da Guarda Municipal.
Deu-se à investida o sugestivo nome de Operação Lee Oswald. Uma referência ao atirador apontado em inquérito oficial como assassino solitário do presidente americano que dá nome à cidade capixaba. O caso ganhou destaque nos sites do Ministério Público e da CGU. Viroumanchete na imprensa local.
É grande o rosário de crimes que a PF diz ter encontrado em Presidente Kennedy: corrupção ativa e passiva, advocacia administrativa, prevaricação, peculato, falsidade ideológica, fraude em licitações, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha. O prefeito Reginaldo Quinta é acusado de chefiar a quadrilha.
A prisão do chefe do Executivo municipal e do seu staff levou ao fechamento da prefeitura. Produziu-se um um cenário esdrúxulo. Chama-se Edson Nogueira (PSD) o vice-prefeito. Em outubro de 2011, a Câmara de veradores cassou-lhe o mandato. Alegou-se que ele não residia mais na cidade. Mudara-se em 2009.
A cassação foi anulada por uma decisão judicial. Porém, o presidente da Câmara, Dorlei Fontão (PV), segundo na linha sucessória, recorreu ao Tribunal de Justiça do Espírito Santo. E o processo encontra-se pendente de julgamento.
Ausente da cidade no instante em que os agentes varejavam casas e repartições públicas, o vice Edson Nogueira foi alcançado pelo telefone. “Terminado o trabalho da Polícia Federal na prefeitura, acho que a Justiça vai determinar minha posse”, declarou, como que corroborando a inusitada anencefalia do poder municipal.
Não fosse a roubalheira, Presidente Kennedy tinha tudo para ser um pedaço de paraíso assentado no extremo Sul do mapa do Espírito Santo. Mede 586.464 km². De acordo com o último censo do IBGE, é habitado por 10.903 pessoas. Por graça divina, é banhado por belas praias e ricas jazidas de petróleo.
Em terra, a cidade dedica-se à pecuária e ao cultivo de mandioca, maracujá, cana-de-açucar e mamão. Vem do mar o grosso de sua arrecadação. Benefica-se da produção de cinco campos petrolíferos da Petrobras: Baleias Jubarte, Anã, Azul, Franca e Cachalote.
O município é campeão na coleta de royalties no Estado. Descem às suas arcas 20% de todo dividendo que a extração de óleo rende ao Espírito Santo. Em 1999, a prefeitura arrecadava inexpressivos R$ 133,2 mil. No ano passado, coletou notáveis R$ 208,2 milhões. Apenas nos três primeiros meses de 2012, amelhou R$ 42,7 milhões.
Combinando-se o faturamento com a população miúda, a cidade poderia ter um PIB per capita de padrão assemelhado ao de nações desenvolvidas. Dá-se, porém, o oposto. No ranking educacional do Espírito Santo, Presidente Kennedy segura a lanterna. No IDH, índice de desenvolvimento humano da ONU, ostenta a quarta pior taxa do Estado.
Num instante em que o Congresso discute o projeto que transfere parte dos royalties amealhados por Estados produtores –Rio, Espírito Santo e São Paulo—para as outras 24 unidades da federação sem-óleo, o caso de Presidente Kennedy serve de aviso: submetida ao descalabro, a riqueza do petróleo conduz à ruína administrativa, não à prosperidade social.
O desembargador Pedro Valls Feu Rosa, signatário dos mandados judiciais da Operação Lee Oswald, anotou em seu despacho que, em Presidente Kennedy, “os recursos são, na verdade, utilizados para satisfazer a ganância e a volúpia de um reduzido grupo.”
Recheado de diálogos vadios captados por meio de grampos telefônicos, o inquérito policial revela que funcionava na prefeitura uma usina de licitações de cartas marcadas. Entre os contratos que se encontram sob suspeição, o maior soma R$ 18 milhões. Envolve uma empresa chamada Pulizie.
No papel, prestava serviços de apoio administrativo, conservação e limpeza predial. Nas páginas do processo, a firma é apresentada como logomarca de fachada, constituída para alojar apaniguados políticos. Venceu uma licitação de fancaria, contra um único concorrente, a Masterpetro. As duas empresas, a ganhadora e a perdedora, têm um só dono: Cláudio Ribeiro Barros.
Outra empresa, a Matrix, foi contratada pela prefeitura para desenvolver softwares educacionais. Beliscou um contrato de R$ 1,16 milhão. Em visita ao endereço informado pela contratada, os investigadores informaram ter encontrado um terreno baldio. Pelo município, negociou o contrato a secretária de Educação Geovana Quinta Costalonga. É sobrinha do prefeito. Responde por outras duas secretarias. O tio Reginaldo Quinta via nela uma herdeira política.
A PF, a CGU e o Ministério Público capixaba descobriram outra esquisitice no consumo de combustível da prefeitura. Firmou um contrato de R$ 1,93 milhão para abastecer os seus 37 automóveis no ano de 2012. Considerando-se um consumo médio de 10 km por litro, cada veículo daria três voltas no planeta. A frota inteira daria 111 voltas ao redor do mundo.
Nas batidas policiais realizadas nesta quinta, os agentes federais recolheram R$ 247 mil em dinheiro vivo —dos quais R$ 20 mil encontravam-se na casa do prefeito. Colecionaram-se, de resto, papéis que encheram cem malotes. Os responsáveis pelo inquérito ganharam farta matéria prima para reforçar os desvios já detectados e, eventualmente, farejar malversações ainda desconhecidas.
O prefeito ainda não constituiu advogado para cuidar de sua defesa. Pedro Cordeiro, o doutor que defende Reginaldo Quinta noutros processos, visitou-o na cadeia. Disse que seu cliente chorou. “Como foi tudo de repente, as coisas não estão definidas. O prefeito está em estado de choque, não teve tempo de pensar em defesa”, afirmou o advogado.

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Em fotos, jovens infratores dormem algemados dentro de cela no ES (Postado por Lucas Pinheiro)

A Pastoral do Menor no Espírito Santo apresentou novas denúncias de supostas irregularidades na Unidade de Atendimento Inicial (Unai), em Maruípe, Vitória, local onde os menores infratores ficam antes de seguirem para a internação socioeducativa. Fotos divulgadas na manhã desta quarta-feira (4) mostram internos dormindo algemados. Segundo o padre Xavier, representante da Pastoral, "há relatos de que eles dormem assim". Na segunda-feira (2), foi denunciada a superlotação na unidade. Uma cela para 30 pessoas comportava 84 jovens.

O padre entregou as imagens ao governador do estado Renato Casagrande, nesta manhã, após a caminhada “Via Sacra do Menor”, que aconteceu no Centro de Vitória. O governador, por meio de sua assessoria, confirmou ao G1 que recebeu o padre Xavier e encaminhou as denúncias para a Secretaria de Estado da Justiça (Sejus). O governador determinou uma apuração e investigação com retorno imediato ao gabinete.

Ainda de acordo com a assessoria de Renato Casagrande, uma reunião foi marcada para esta quinta-feira (5) com o Tribunal de Justiça (TJ-ES), o Ministério Público Estadual (MP-ES), a Defensoria Pública, a Sejus e o chefe da Polícia Civil, Joel Lyrio.

De acordo com a diretora do Instituto de Atendimento Socioeducativo do Espírito Santo (Iases), a análise inicial das imagens aponta para o uso indevido das algemas. “Mas o caso precisa ser apurado pela nossa corregedoria. O Supremo Tribunal Federal permite o uso de algemas em casos de resistência, receio de fuga e perigo à integridade física. Precisamos avaliar a justificativa do agente socioeducativo para julgar ilegal ou não o uso das algemas”, disse.

Superlotação
O Movimento dos Direitos Humanos denunciou, nesta segunda-feira (2), a superlotação da Unidade de Atendimento Inicial (Unai), que é o local onde os menores infratores aguardam a decisão da Justiça antes de seguirem para a Unidade de Internação Socioeducativa (Unis). As fotos tiradas pela Pastoral do Menor mostram que 84 adolescentes ficam em um espaço que comporta, no máximo, 30 pessoas, na unidade em Maruípe, em Vitória.

Segundo o Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJ-ES), representado pela juíza Janete Pantaleão, da 2ª Vara da Infância e Juventude da Serra e coordenadora de Infância e Juventude do TJ, houve uma falha no andamento dos processos em varas da região Metropolitana. "Desde o mês passado, o Tribunal de Justiça determinou que as varas dessem mais agilidade aos processos para não registrarmos superlotação no local. Mas isso não tem acontecido. Foi uma falha das comarcas mesmo. Na última semana, principalmente Vila Velha, registrou muita demora nos processos. É preciso que todos envolvidos no processo se empenhem mais, é preciso mais agilidade entre todas as partes que cuidam do menor. Nesta semana devemos resolver isso", explica.

As situações de superlotação e também de tortura têm sido rotineiras no Espírito Santo, segundo o presidente do Movimento dos Direitos Humanos do Espírito Santo, Gilmar Ferreira. "Infelizmente, essa é uma realidade do estado. Tem sido corriqueira essa situação no estado. O torturômetro da Justiça não me deixa mentir, é preciso apurar todas as denúncias", diz. O Movimento dos Direitos Humanos registrou um boletim de ocorrência para relatar a situação e também pede o desativamento da Unai.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Em Vila Velha, no ES, G1 visita a 'fantástica' fábrica de chocolates (Postado por Lucas Pinheiro)

Ao pensar em como funciona uma fábrica de chocolates, é impossível não imaginar uma cascata de cacau derretido como a do personagem Willy Wonka. Ou, quem sabe, pensar que tudo lá dentro é comandado por coelhos. "Meus filhos achavam que meu chefe era o coelhinho da Páscoa", conta a higienista industrial Marília Miranda, que trabalha há 12 anos em uma das maiores fábricas de chocolates do mundo, com sede no Brasil.


Todos os dias, a fábrica da Chocolates Garoto, que fica em Vila Velha, no Espírito Santo, recebe visitantes de todas as partes do país e do mundo, curiosos em saber como o chocolate se transforma nas delícias que chegam às lojas. São cerca de 300 toneladas de chocolate líquidas produzidas por dia.

E o que não falta é trabalho para os "ajudantes do coelhinho". A maioria deles ingressou na fábrica por contrato temporário para a Páscoa, mas, com a experiência e o bom desempenho, foram efetivados e construíram histórias de vida com o chocolate. "Sempre morei na Glória (bairro onde fica a fábrica), embalada pelo cheiro de chocolate. Sonhava em trabalhar na fábrica. Imaginava como era lá dentro. O chocolate tem essa magia, meu pai alimentava minha imaginação e eu também alimentei nos meus filhos. Eles achavam que eu trabalhava com anões, Coelhinho da Páscoa e Papai Noel e eu confirmava", diz Marília.

Como higienista, Marília conta que as cascatas de chocolate não são possíveis. Muito menos passar o dedo nas coberturas e nos recheios. Os ingredientes passam por canos, até cair nas máquinas. E os funcionários lavam as mãos como cirurgiões antes de qualquer processo.

Imensidão de chocolate
O operador industrial Helder Ferreira da Silva trabalha na fábrica há 12 anos e hoje ocupa o cargo mais alto entre os operadores do setor onde são feitos os bombons quadrados. Ele acompanha todo o processo, desde que o chocolate chega da refinaria para os tanques, até cair dentro das fôrmas dos bombons, semelhantes às de gelo. "É curioso que o recheio e a cobertura caem juntos. Depois eles são resfriados e saem prontos para embalar", conta.

Helder se lembra de quando chegou à empresa pela primeira vez, para trabalhar como temporário na fabricação de ovos de Páscoa. "Fiquei impressionado com a quantidade de chocolate. Olhava aquele monte de ovos de Páscoa e não acreditava. Hoje, opero um setor. Sempre tive o objetivo de chegar aonde cheguei e me determinei a correr atrás do que eu queria", afirma Helder.

Mesmo tendo que olhar para milhares de bombons todos os dias, há 15 anos, a operadora industrial Jaciara França afirma que não enjoa. Ela acompanha o processo de embrulho dos bombons moldados. A máquina embala em média 300 bombons por minuto. Jaciara conta que, até hoje, sente orgulho quando entra em uma loja e vê os produtos que ajuda a fabricar.
"Sempre sonhei em trabalhar aqui. Quando se está do lado de fora, a gente fica imaginando como será dentro da fábrica. Meu filho tem cinco anos e acha fantástico ter uma mãe que trabalha na fábrica de chocolate. Ele diz que vai trabalhar aqui também quando crescer", conta.

Formação de famílias
O chocolate também tem sabor de realização para a auxiliar de qualidade Rosa Maria Sperandio, que trabalha na fábrica há 13 anos. O marido dela, Alaoir Sperandio, trabalha lá há ainda mais tempo: 25 anos. Juntos, os dois formaram família e construíram tudo o que têm. "O dinheiro que temos vem da fabricação de chocolate. Compramos casa, carro, conseguimos pagar boas escolas para nossos filhos. Hoje, minha mais velha está formada em história pela faculdade federal e meu filho é técnico em mecânica", diz, orgulhosa.

A história do supervisor de produção Eudson Berth com o chocolate vai além da parte profissional. Foi na fábrica que ele conheceu a esposa, Tatiane, com quem é casado há sete anos e tem uma filha. Em um local onde todas as pessoas usam toucas, jalecos, e fones, o jeito de andar fez a diferença. "Com o uniforme é difícil reparar em alguém, vai pela simpatia. Mas eu a vi na saída, do outro lado da lojinha, e reconheci pelo andar. Começamos a conversar e, com o tempo, a namorar. Mas dentro da fábrica é cada um no seu setor, não temos contato. Já tem 14 anos que eu trabalho aqui e vi muitas mudanças. Toda mudança traz medo, mas a gente encara", conta.

Curiosidades
E enquanto os consumidores esperam para saborear os ovos desta Páscoa, a fábrica já começa a se preparar para a Páscoa do ano que vem. "É interessante saber que o nome do bombom 'serenata de amor' surgiu quando o fundador da fábrica, Henrique Meyerfreund, inventou o primeiro bombom em formato de bola, em 1949. Ele ofereceu para a cunhada Úrsula, que tinha um namorado muito apaixonado que fazia serenatas de amor para ela todas as noites. Ela então sugeriu o nome do bombom e ele gostou", conta a assistente do Programa de Visitas Laís Hackbart.

Ela conta também que as famosas caixas de bombom amarelas, antigamente, eram feitas de papelão e amarradas com barbante. "E para dar uma imagem mais bonita, eram colocadas fotos de mulheres bonitas que saiam nas capas de revistas da época", diz.

A produção dos bombons redondos transforma todos em crianças. Ver as casquinhas de waffer saindo do forno, o recheio de castanha de caju caindo, o banho de chocolate deixa os visitantes com água na boca. A visita custa R$ 10 e é permitida para maiores de sete anos.

Serviço
Contato: (27) 3320-1709 ou programa.visitas@garoto.com.br
Endereço: Praça Meyerfreund, nº 01 - Glória – Vila Velha - Espírito Santo.
Obs.: é preciso ter acima de sete anos de idade, vestir calça comprida, blusa de manga e tênis.