Ao pensar em como funciona uma fábrica de chocolates, é impossível não imaginar uma cascata de cacau derretido como a do personagem Willy Wonka. Ou, quem sabe, pensar que tudo lá dentro é comandado por coelhos. "Meus filhos achavam que meu chefe era o coelhinho da Páscoa", conta a higienista industrial Marília Miranda, que trabalha há 12 anos em uma das maiores fábricas de chocolates do mundo, com sede no Brasil.
Todos os dias, a fábrica da Chocolates Garoto, que fica em Vila Velha, no Espírito Santo, recebe visitantes de todas as partes do país e do mundo, curiosos em saber como o chocolate se transforma nas delícias que chegam às lojas. São cerca de 300 toneladas de chocolate líquidas produzidas por dia.
E o que não falta é trabalho para os "ajudantes do coelhinho". A maioria deles ingressou na fábrica por contrato temporário para a Páscoa, mas, com a experiência e o bom desempenho, foram efetivados e construíram histórias de vida com o chocolate. "Sempre morei na Glória (bairro onde fica a fábrica), embalada pelo cheiro de chocolate. Sonhava em trabalhar na fábrica. Imaginava como era lá dentro. O chocolate tem essa magia, meu pai alimentava minha imaginação e eu também alimentei nos meus filhos. Eles achavam que eu trabalhava com anões, Coelhinho da Páscoa e Papai Noel e eu confirmava", diz Marília.
Como higienista, Marília conta que as cascatas de chocolate não são possíveis. Muito menos passar o dedo nas coberturas e nos recheios. Os ingredientes passam por canos, até cair nas máquinas. E os funcionários lavam as mãos como cirurgiões antes de qualquer processo.
Imensidão de chocolate
O operador industrial Helder Ferreira da Silva trabalha na fábrica há 12 anos e hoje ocupa o cargo mais alto entre os operadores do setor onde são feitos os bombons quadrados. Ele acompanha todo o processo, desde que o chocolate chega da refinaria para os tanques, até cair dentro das fôrmas dos bombons, semelhantes às de gelo. "É curioso que o recheio e a cobertura caem juntos. Depois eles são resfriados e saem prontos para embalar", conta.
Helder se lembra de quando chegou à empresa pela primeira vez, para trabalhar como temporário na fabricação de ovos de Páscoa. "Fiquei impressionado com a quantidade de chocolate. Olhava aquele monte de ovos de Páscoa e não acreditava. Hoje, opero um setor. Sempre tive o objetivo de chegar aonde cheguei e me determinei a correr atrás do que eu queria", afirma Helder.
Mesmo tendo que olhar para milhares de bombons todos os dias, há 15 anos, a operadora industrial Jaciara França afirma que não enjoa. Ela acompanha o processo de embrulho dos bombons moldados. A máquina embala em média 300 bombons por minuto. Jaciara conta que, até hoje, sente orgulho quando entra em uma loja e vê os produtos que ajuda a fabricar.
"Sempre sonhei em trabalhar aqui. Quando se está do lado de fora, a gente fica imaginando como será dentro da fábrica. Meu filho tem cinco anos e acha fantástico ter uma mãe que trabalha na fábrica de chocolate. Ele diz que vai trabalhar aqui também quando crescer", conta.
Formação de famílias
O chocolate também tem sabor de realização para a auxiliar de qualidade Rosa Maria Sperandio, que trabalha na fábrica há 13 anos. O marido dela, Alaoir Sperandio, trabalha lá há ainda mais tempo: 25 anos. Juntos, os dois formaram família e construíram tudo o que têm. "O dinheiro que temos vem da fabricação de chocolate. Compramos casa, carro, conseguimos pagar boas escolas para nossos filhos. Hoje, minha mais velha está formada em história pela faculdade federal e meu filho é técnico em mecânica", diz, orgulhosa.
A história do supervisor de produção Eudson Berth com o chocolate vai além da parte profissional. Foi na fábrica que ele conheceu a esposa, Tatiane, com quem é casado há sete anos e tem uma filha. Em um local onde todas as pessoas usam toucas, jalecos, e fones, o jeito de andar fez a diferença. "Com o uniforme é difícil reparar em alguém, vai pela simpatia. Mas eu a vi na saída, do outro lado da lojinha, e reconheci pelo andar. Começamos a conversar e, com o tempo, a namorar. Mas dentro da fábrica é cada um no seu setor, não temos contato. Já tem 14 anos que eu trabalho aqui e vi muitas mudanças. Toda mudança traz medo, mas a gente encara", conta.
Curiosidades
E enquanto os consumidores esperam para saborear os ovos desta Páscoa, a fábrica já começa a se preparar para a Páscoa do ano que vem. "É interessante saber que o nome do bombom 'serenata de amor' surgiu quando o fundador da fábrica, Henrique Meyerfreund, inventou o primeiro bombom em formato de bola, em 1949. Ele ofereceu para a cunhada Úrsula, que tinha um namorado muito apaixonado que fazia serenatas de amor para ela todas as noites. Ela então sugeriu o nome do bombom e ele gostou", conta a assistente do Programa de Visitas Laís Hackbart.
Ela conta também que as famosas caixas de bombom amarelas, antigamente, eram feitas de papelão e amarradas com barbante. "E para dar uma imagem mais bonita, eram colocadas fotos de mulheres bonitas que saiam nas capas de revistas da época", diz.
A produção dos bombons redondos transforma todos em crianças. Ver as casquinhas de waffer saindo do forno, o recheio de castanha de caju caindo, o banho de chocolate deixa os visitantes com água na boca. A visita custa R$ 10 e é permitida para maiores de sete anos.
Serviço
Contato: (27) 3320-1709 ou programa.visitas@garoto.com.br
Endereço: Praça Meyerfreund, nº 01 - Glória – Vila Velha - Espírito Santo.
Obs.: é preciso ter acima de sete anos de idade, vestir calça comprida, blusa de manga e tênis.
Todos os dias, a fábrica da Chocolates Garoto, que fica em Vila Velha, no Espírito Santo, recebe visitantes de todas as partes do país e do mundo, curiosos em saber como o chocolate se transforma nas delícias que chegam às lojas. São cerca de 300 toneladas de chocolate líquidas produzidas por dia.
E o que não falta é trabalho para os "ajudantes do coelhinho". A maioria deles ingressou na fábrica por contrato temporário para a Páscoa, mas, com a experiência e o bom desempenho, foram efetivados e construíram histórias de vida com o chocolate. "Sempre morei na Glória (bairro onde fica a fábrica), embalada pelo cheiro de chocolate. Sonhava em trabalhar na fábrica. Imaginava como era lá dentro. O chocolate tem essa magia, meu pai alimentava minha imaginação e eu também alimentei nos meus filhos. Eles achavam que eu trabalhava com anões, Coelhinho da Páscoa e Papai Noel e eu confirmava", diz Marília.
Como higienista, Marília conta que as cascatas de chocolate não são possíveis. Muito menos passar o dedo nas coberturas e nos recheios. Os ingredientes passam por canos, até cair nas máquinas. E os funcionários lavam as mãos como cirurgiões antes de qualquer processo.
Imensidão de chocolate
O operador industrial Helder Ferreira da Silva trabalha na fábrica há 12 anos e hoje ocupa o cargo mais alto entre os operadores do setor onde são feitos os bombons quadrados. Ele acompanha todo o processo, desde que o chocolate chega da refinaria para os tanques, até cair dentro das fôrmas dos bombons, semelhantes às de gelo. "É curioso que o recheio e a cobertura caem juntos. Depois eles são resfriados e saem prontos para embalar", conta.
Helder se lembra de quando chegou à empresa pela primeira vez, para trabalhar como temporário na fabricação de ovos de Páscoa. "Fiquei impressionado com a quantidade de chocolate. Olhava aquele monte de ovos de Páscoa e não acreditava. Hoje, opero um setor. Sempre tive o objetivo de chegar aonde cheguei e me determinei a correr atrás do que eu queria", afirma Helder.
Mesmo tendo que olhar para milhares de bombons todos os dias, há 15 anos, a operadora industrial Jaciara França afirma que não enjoa. Ela acompanha o processo de embrulho dos bombons moldados. A máquina embala em média 300 bombons por minuto. Jaciara conta que, até hoje, sente orgulho quando entra em uma loja e vê os produtos que ajuda a fabricar.
"Sempre sonhei em trabalhar aqui. Quando se está do lado de fora, a gente fica imaginando como será dentro da fábrica. Meu filho tem cinco anos e acha fantástico ter uma mãe que trabalha na fábrica de chocolate. Ele diz que vai trabalhar aqui também quando crescer", conta.
Formação de famílias
O chocolate também tem sabor de realização para a auxiliar de qualidade Rosa Maria Sperandio, que trabalha na fábrica há 13 anos. O marido dela, Alaoir Sperandio, trabalha lá há ainda mais tempo: 25 anos. Juntos, os dois formaram família e construíram tudo o que têm. "O dinheiro que temos vem da fabricação de chocolate. Compramos casa, carro, conseguimos pagar boas escolas para nossos filhos. Hoje, minha mais velha está formada em história pela faculdade federal e meu filho é técnico em mecânica", diz, orgulhosa.
A história do supervisor de produção Eudson Berth com o chocolate vai além da parte profissional. Foi na fábrica que ele conheceu a esposa, Tatiane, com quem é casado há sete anos e tem uma filha. Em um local onde todas as pessoas usam toucas, jalecos, e fones, o jeito de andar fez a diferença. "Com o uniforme é difícil reparar em alguém, vai pela simpatia. Mas eu a vi na saída, do outro lado da lojinha, e reconheci pelo andar. Começamos a conversar e, com o tempo, a namorar. Mas dentro da fábrica é cada um no seu setor, não temos contato. Já tem 14 anos que eu trabalho aqui e vi muitas mudanças. Toda mudança traz medo, mas a gente encara", conta.
Curiosidades
E enquanto os consumidores esperam para saborear os ovos desta Páscoa, a fábrica já começa a se preparar para a Páscoa do ano que vem. "É interessante saber que o nome do bombom 'serenata de amor' surgiu quando o fundador da fábrica, Henrique Meyerfreund, inventou o primeiro bombom em formato de bola, em 1949. Ele ofereceu para a cunhada Úrsula, que tinha um namorado muito apaixonado que fazia serenatas de amor para ela todas as noites. Ela então sugeriu o nome do bombom e ele gostou", conta a assistente do Programa de Visitas Laís Hackbart.
Ela conta também que as famosas caixas de bombom amarelas, antigamente, eram feitas de papelão e amarradas com barbante. "E para dar uma imagem mais bonita, eram colocadas fotos de mulheres bonitas que saiam nas capas de revistas da época", diz.
A produção dos bombons redondos transforma todos em crianças. Ver as casquinhas de waffer saindo do forno, o recheio de castanha de caju caindo, o banho de chocolate deixa os visitantes com água na boca. A visita custa R$ 10 e é permitida para maiores de sete anos.
Serviço
Contato: (27) 3320-1709 ou programa.visitas@garoto.com.br
Endereço: Praça Meyerfreund, nº 01 - Glória – Vila Velha - Espírito Santo.
Obs.: é preciso ter acima de sete anos de idade, vestir calça comprida, blusa de manga e tênis.
Nenhum comentário:
Postar um comentário